Com o objetivo de identificar as propriedades com risco de introdução de Amaranthus palmeri, planta daninha exótica classificada como praga quarentenária de difícil controle, conhecida como “caruru gigante”, a Companhia de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina (Cidasc) publicou a Instrução de Serviço Didag nº 01/2024. De acordo com Cidasc, a praga tem crescimento rápido, é extremamente agressivo, se adapta com facilidade a diferentes ambientes e condições climáticas, além de possuir resistência a alguns herbicidas.
O gestor do Departamento Estadual de Defesa Sanitária Vegetal (Dedev) da Cidasc, Alexandre Mees, explica que o trabalho necessita da união de esforços, não apenas dos auxiliares operacionais agropecuários, que trabalham nos Postos de Fiscalização Agropecuária (PFF), mas também dos transportadores das máquinas.
“Os profissionais realizam uma atividade decisiva, que promove medidas de proteção sanitária, porém, até então, os transportadores não tinham em sua rotina a parada nos Postos de Fiscalização da Cidasc. Precisamos do apoio de quem transita em outros estados com máquinas agrícolas. Basta parar num posto de fiscalização para uma inspeção rápida e fornecer as informações solicitadas. Com esta nova diretriz para atuar de forma educativa, orientando quanto a importância da limpeza das máquinas, conseguimos também identificar propriedades de maior risco de introdução de pragas, possibilitando vistorias preventivas nestes locais”, pontua Mees.
“Vale ressaltar que a vigência busca prevenir a introdução de pragas em nosso estado, como, por exemplo, fungos, bactérias, insetos e plantas daninhas, que colocam em risco a sanidade dos pomares e lavouras. É um sistema que funciona o ano inteiro, 24 horas por dia, sete dias por semana, que será de grande importância para evitar a dispersão desta praga”, completa Mess.
Não há registro da Amaranthus palmeri em solo catarinense
Amaranthus palmeri pode cruzar com outras espécies do gênero, inclusive transferindo genes de resistência, com risco potencial de reduzir a produtividade de muitas culturas, dentre elas a soja, o milho, o feijão e algodão em até 90%.
Não há registro da praga em solo catarinense, mas já foi observada em plantações de municípios de Mato Grosso, desde 2015, e, mais recentemente, em Aral Moreira e Naviraí, no Mato Grosso do Sul, o último próximo à divisa com o Paraná. Relatos indicam que uma planta pode produzir de 100 mil a 1 milhão de sementes. Portanto, com alto potencial de disseminação nos campos de produção agrícola e pode ser facilmente confundido com outras espécies que vegetam no Brasil, especialmente A. spinosus (caruru de espinho).
“O Amaranthus palmeri é uma espécie com grande capacidade competitiva, que pode levar a perdas significativas de produtividade. O trânsito de máquinas com solo aderido ou restos culturais é um grande dispersor de pragas. No caso do Amaranthus, a atenção está focada em máquinas que tenham executado serviços em regiões com ocorrência. Mas queremos aumentar a vigilância para conhecer mais a fundo o fluxo de máquinas no trânsito interestadual para poder prevenir também outras pragas”, destaca Diogo Antônio Deoti engenheiro-agrônomo da Cidasc.