Safra de Inverno

Chuvas castigam lavouras no Rio Grande do Sul

Precipitações provocaram erosão em muitas regiões produtoras e será necessário fazer o replantio

Foto de uma lavoura de trigo.
Chuvas intensas provocaram estragos nas lavouras e será necessário o replantio em algumas áreas | Foto: CNA Brasil/Divulgação

As chuvas intensas que atingem o Rio Grande do Sul desde a terça-feira (17) passada provocaram a morte de ao menos quatro pessoas, deixaram uma desaparecida e causaram danos em 146 municípios do Estado, que tem mais de 7 mil desalojados. As precipitações, que chegaram a 300 milímetros em algumas regiões, também causaram estragos significativos na safra de inverno, principalmente nas lavouras de trigo e canola.

O mau tempo vinha atrasando o plantio do trigo na maioria das regiões produtoras do Estado, mas uma pausa momentânea da chuva permitiu que o trabalho avançasse e a semeadura chegou a 37% da área prevista para esta safra no Estado. Na região administrativa da Emater/RS-Ascar de Pelotas, na Zona Sul, o plantio foi além e alcançou 55% da área a ser cultivada neste ciclo.

A previsão de área cultivada com o cereal no Estado, conforme a Emater/RS-Ascar, era de 1.198.276 hectares, o que resultaria em uma área cerca de 10% menor que a passada. A   estimativa inicial de produtividade para a principal cultura de inverno gaúcha era de 2.997 quilos por hectare, o que representaria aumento de 7,77% em relação ao período anterior. A produção ficaria em 3,5 milhões de toneladas – queda de 2,95% frente às 3,7 milhões de toneladas da safra 2024. As projeções, no entanto, devem ser revistas devido as enxurradas que alagaram as plantações.

Chuvas em excesso podem levar ao encharcamento do solo, sufocando as raízes e causando a morte das plantas. O diretor e coordenador da Comissão de Trigo e Culturas de Inverno da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), Hamilton Guterres Jardim, diz que as chuvas em junho foram terríveis para o trigo, principalmente aquelas lavouras recém implantadas e que sofreram muito com a erosão do solo. “O mês de junho era o período preferencial de semeadura para a maioria dos produtores do Estado, mas as chuvas atrasaram o plantio que, agora, terá de ser feito em uma janela muito estreita. O risco é muito grande”, alerta.

Jardim contesta a projeção realizada pela Emater/RS-Ascar de um decréscimo de 10% da área cultivada com trigo no RS. Há cerca de um mês, ele estimava a redução em 20%. “Será no mínimo 20%. Mas acredito que a retração será muito maior, pois os produtores estão descapitalizados e muito endividados e ainda tem a dificuldade de acesso ao crédito, os custos de produção e os preços baixos no mercado”, observa. “Muitos que compraram as sementes pensam em vendê-las por não verem mais viabilidade semear.”, acrescenta o dirigente, que é presidente da Câmara Setorial do Trigo e Culturas de Inverno do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa).

Canola

O clima chuvoso em junho também castigou as plantações de canola no Estado. Na maior parte das regiões, a semeadura estava bastante avançada e algumas lavouras tinham começado a florescer. Agora, será necessário fazer o replantio em algumas áreas. “A canola é a única cultura de inverno que terá um crescimento na área cultivada em relação à safra passada, mas também está sofrendo com o clima”, destaca o coordenador da Comissão de Trigo e Culturas de Inverno da Farsul.

Antes das chuvas, a área a ser cultivada com canola no Estado na safra 2024-2025 era de 203.206 hectares, com uma produtividade de 1.737 quilos por hectare. A área cultivada com canola no RS na Safra 2024 foi de 1.331.013 hectares, e a produtividade, de 2.781 quilos por hectare, os dados são do IBGE.