Os azeites de oliva extravirgem produzidos no Rio Grande do Sul são de altíssima qualidade e vêm recebendo prêmios em concursos pelo mundo afora. Onze marcas nacionais – seis delas gaúchas – despontaram na lista de 500 produtores de 56 países da edição 2025 do guia italiano Flos Olei, considerado a “Bíblia do Azeite”. As marcas Prosperato, do Rio Grande do Sul, e Sabiá, de São Paulo, alcançaram a maior pontuação, com 97 de um total de 100 possíveis.
O Rio Grande do Sul é o maior produtor de olivas e de azeites no País e responde por 80% da produção, segundo dados da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi). Na safra 2022/2023, a produção de azeite de oliva aumentou 29% (produção de 580.228 litros) em relação à temporada anterior, conforme levantamentos da Seapi e do Instituto Brasileiro de Olivicultura (Ibraoliva).
Na safra 2023/2024, porém, os produtores gaúchos tiveram perdas significativas devido ao excesso de chuvas provocadas pelo fenômeno climático El Niño. Com as precipitações extremas, a produção caiu 73% frente à expectativa inicial da coordenação do Programa Estadual de Desenvolvimento da Olivicultura (Pró-Oliva) e 67% referente à produção obtida em 2023. Passou de 580.228 litros no ano passado para 193.500 litros em 2024.
O coordenador do Programa Estadual de Desenvolvimento da Olivicultura (Pró-Oliva) da Seapi, o engenheiro agrônomo Paulo Lipp João, frisa que a maior área plantada com oliveiras (Olea europaea L.) está na Metade Sul do Estado. Os principais municípios produtores são Bagé, Barra do Ribeiro, Canguçu, Caçapava do Sul, Cachoeira do Sul, Encruzilhada do Sul, Pinheiro Machado, Santana do Livramento, Sentinela do Sul e Viamão.
Expansão
No entanto, o zoneamento edafoclimático realizado pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) mostra que o Rio Grande do Sul possui 7,4 milhões de hectares de terra com aptidão recomendável para o cultivo. E 51% deles estão na Metade Sul do Estado.
Os olivais estão ganhando espaço, principalmente em regiões que não são propícias para o cultivo de commodities como soja e milho, conforme o engenheiro agrônomo da Seapi. Em alguns municípios da Metade Sul, os solos são muito arenosos e pedregosos e a topografia também não é favorável para a mecanização. Já a oliveira gosta de solos arenoso e pedregoso e temperatura de 25ºC a 35ºC no verão e de 3ºC a 15ºC no inverno. Mas não tolera a umidade.
Atualmente, 340 produtores de 112 municípios plantam oliveiras em 6,2 mil hectares e o Estado já conta com mais de 100 marcas. A área em idade produtiva (quatro anos ou mais) é de 5 mil hectares. O setor gera aproximadamente 2 mil empregos diretos. As variedades de azeitonas que melhor se adequaram às condições de clima e solo do Rio Grande do Sul são a Arbequina, Arbozana, Koroneiki, Picual, Coratina e Frantoio.
O coordenador do Pro-Oliva lembra que os azeites gaúchos começaram a se destacar e receber prêmios em 2012, quando o cultivo de oliveiras ainda engatinhava no Estado. “Os azeites gaúchos extravirgens conquistam premiações em concursos nacionais e internacionais porque a colheita, manual, quase artesanal , é feita quando a azeitona ainda está verde, o que acentua as características de cada variedade. E, também, pelo pouco tempo que leva entre a colheita da árvore e a extração no engenho, que impede que a fruta comece a oxidar”, explica.
“Os produtores gaúchos investiram em tecnologia e os azeites gaúchos são de altíssima qualidade”
– Chania Szewczyk Chagas, expert internacional em azeites de oliva e sommelier de azeites
“A olivicultura está em grande expansão no Estado”, salienta a expert internacional em azeites de oliva e sommelier de azeites Chania Szewczyk Chagas, do Empório de Azeites, de Gramado, na Serra Gaúcha. “Os produtores gaúchos investiram em tecnologia e os azeites gaúchos são de altíssima qualidade”, completa a especialista.
Números da olivicultura no RS
- Hoje são 25 fábricas
- Cerca de 100 marcas de azeites
- São 340 produtores rurais
- Em 112 municípios
- Dois mil empregos diretos