Ao se deparar com o levantamento dos custos de produção de novembro, a reação do economista Tarcísio Minetto e da FecoAgro/RS foi de espanto. “A Federação tem uma tradição de elaborar custos de produção de lavoura e se apavorou com os números do levantamento. Preocupou bastante em relação ao que vem pela frente quanto ao aumento de custos”, disse o especialista em entrevista ao Portal Destaque Rural.
O custo de produção da soja subiu 52,1% e do milho 65,64%, conforme o documento da Federação das Cooperativas Agropecuárias do Estado do Rio Grande do Sul (FecoAgro/RS), com base nos preços de 1º de novembro. Os principais fatores para a alta foram o aumento dos preços dos fertilizantes, defensivos, combustíveis, diesel, máquinas e equipamentos.
Os preços devem impactar os produtores na próxima safra, caso se mantenham. “Nesta safra eles plantaram com o preço dos insumos que adquiriram no início do ano ou no final do ano passado, que é outro patamar de preço”, explica Tarcísio. Ainda assim, aqueles que precisarem ir ao mercado neste momento e os produtores de outras culturas já devem sentir o impacto no bolso.
“A primeira cultura mais significativa que vai enfrentar esses custos altos é o trigo, que começa em maio e junho. Mas tem outras atividades, por exemplo hortigranjeiros e pastagens de verão, que já usam fertilizantes e que vão sofrer já esse impacto de aumento de custos”, aponta o economista.
Recomendações
Neste cenário, o planejamento é fundamental, assim como a cautela e prudência. “Tem que ser eficiente na gestão desses insumos e no manejo das lavouras. Para a próxima temporada a preocupação é grande e vai exigir planejamento maior do ponto de vista de qual é o melhor momento e oportunidade para adquirir os insumos e na relação de troca”, destaca Tarcísio.
“Tem que ser eficiente na gestão desses insumos e no manejo das lavouras”
– Tarcísio Minetto, economista
Os preços ainda podem mudar, mas as incertezas e a preocupação permanecem. Além do cenário internacional, a pandemia e redução da oferta, ainda podem ocorrer fatores de risco, como o clima. “Se tiver uma queda de produtividade, no caso do milho, com certeza o produtor vai reduzir cada vez mais a sua margem. Ela é bem apertada e é importante que o produtor esteja protegido”, aconselha o economista. O conselho é de que os produtores busquem garantir pelo menos os gastos que tiverem na lavoura por meio de um seguro.
Texto: Bruna Scheifler/Destaque Rural