Arroz

Nematoides no arroz: prejuízo que o produtor não vê

Praga, quase invisível, já está instalada na orizicultura e compromete o sistema radicular e o desenvolvimento das plantas; especialista traz orientações

De acordo com a 11ª edição das Perspectivas para a Agropecuária – Safra 2023/24, divulgada na última terça-feira (19) pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), os agricultores deverão destinar uma área maior para semeadura de arroz e feijão. A orizicultura irrigada é responsável por 75% da produção nacional, principalmente no estado do Rio Grande do Sul, e este produtor enfrenta muitos desafios, como controle de ervas daninhas, fungos, insetos e uma praga que vem aumentando significativamente e ninguém vê: os nematoides.
 

“As áreas já estão infestadas desses parasitas e ainda há pouca ação de controle e, por isso, logo este será um grande problema para os agricultores. Os nematoides têm alto potencial de dano, pois prejudicam o crescimento do sistema radicular das plantas e comprometem a produtividade”, explica Luís Grandeza, gerente de cultivos de arroz da FMC.
 

Um dos mais preocupantes é o nematoide-das-galhas (Meloidogyne graminicola) que possui capacidade de reduzir o rendimento da cultura em até 80%. A praga prejudica a absorção da água e de nutrientes pela planta e pode gerar raquitismo, clorose, perda de vigor, retardo na maturação e redução no perfilhamento da cultura.
 

Para identificá-la, os produtores podem observar a formação de galhas nas pontas das raízes, parecidos com cabos de guarda-chuvas, no entanto, os sintomas iniciais ocorrem no ambiente subterrâneo e são de difícil visualização. “Quando é possível observar pela superfície, o problema já se espalhou, principalmente pela alta capacidade de reprodução quando as condições ambientais são favoráveis”, diz Luís.
 

Para o controle, o gerente destaca que uma pesquisa da Blink, na safra 21/22, revelou que os bionematicidas movimentaram R$ 1,3 bilhões no Brasil. “Esse dado demonstra o crescimento da praga nos últimos anos, o aumento significativo desses produtos para controle e a importância dessas soluções para evitar perdas de produtividade, além da confiança do agricultor de empregá-las pela segurança na operação.”
 

O nematicida biológico possui modo de ação que atua por contato com múltiplos mecanismos. As bactérias benéficas, presentes na formulação, têm alta capacidade de competição no solo, onde colonizam e protegem o sistema radicular das culturas, formando um biofilme ao redor da raiz, que ajudará o crescimento radicular, além de melhorar a absorção de água e nutrientes. Essa solução pode ser aplicada no momento do plantio, transplante de mudas, durante o ciclo de cultivo ou após a colheita.
 

Climaticamente, com a confirmação do El Niño, as chuvas serão mais intensas na região Sul do Brasil e a cultura do arroz será beneficiada devido a sua dependência da irrigação. Como consequência, a produção será melhor. “Com a volta das chuvas, o orizicultor está retomando as áreas de plantio e os bons preços pagos pela saca nos últimos meses. Esses cenários são favoráveis e positivos para a próxima safra. No entanto, a produção precisará de muita atenção, principalmente para evitar o estresse climático, como as alterações bruscas de temperatura”, ressalta Luís.
 

Os estresses iniciais decorrentes de plantios em solo frio, aliados a uma semeadura profunda, promovem um estabelecimento disforme, o que pode ocasionar desuniformidade de perfilhos e, por consequência, atraso no florescimento e enchimento dos grãos. Nessa fase, os biopotencializadores são uma alternativa para o cultivo. Produtos com essa característica possibilitam maior potencial para o desenvolvimento inicial da cultura, estabelecimento do estande, além de evitar a esterilidade a floração.

 com informações FMC