Estiagem

Estiagem beneficia lavouras de arroz no Rio Grande do Sul

A atenção dos orizicultores gaúchos permanece voltada para o rápido rebaixamento dos níveis dos rios e barragens devido à estiagem

Lavoura de arroz.
As lavouras de arroz no Rio Grande do Sul continuam sendo beneficiadas pelo clima seco e ensolarado | Foto: Embrapa/Divulgação

O ditado que a cultura do “arroz gosta de água no pé e sol na cabeça” nunca fez tanto sentido como agora, no terceiro mês de influência do fenômeno meteorológico La Niña. As lavouras de arroz no Rio Grande do Sul continuam sendo beneficiadas pelo clima seco e ensolarado. Entretanto, a atenção dos orizicultores gaúchos permanece voltada para o rápido rebaixamento dos níveis dos rios e barragens devido à estiagem que atinge o Estado desde meados de dezembro. A massa de ar quente que, nesta semana trouxe temperaturas beirando os 40ºC, também preocupa os produtores.

Os agricultores que plantaram áreas superiores à capacidade de armazenamento dos reservatórios — situação recorrente em propriedades com planejamento inadequado — ainda enfrentam o risco de ficarem sem água antes do encerramento do ciclo de irrigação. A cultura segue com bom potencial produtivo, conforme o último Informativo Conjuntural divulgado pela Emater/RS-Ascar. O Instituto Rio Grandense de Arroz (Irga) garante que a área implantada é de 927.885 hectares de arroz irrigado. E a Emater/RS-Ascar estima produtividade inicial de 8.478 quilos por hectare

Os tratos culturais, como a segunda aplicação de nitrogênio, são realizados nas lavouras estabelecidas entre o final de novembro e início de dezembro para otimizar o desenvolvimento das plantas e garantir o máximo aproveitamento do fertilizante. Nas áreas em floração e enchimento de grãos, o monitoramento de insetos e doenças foi intensificado por meio da aplicação preventiva de fungicidas.

Na região da Fronteira Oeste, houve ampliação da área colhida em função do clima seco. Embora a amostragem ainda seja pequena, as produtividades estão elevadas, confirmando as expectativas otimistas em relação ao potencial da safra, principalmente devido às condições climáticas favoráveis durante o ciclo da cultura. Em termos de comercialização, os preços continuam satisfatórios.

Na região administrativa da Emater/RS-Ascar de Bagé, em Uruguaiana, as primeiras lavouras colhidas representam 1% dos 76,5 mil hectares plantados. Em São Borja, dos 33.965 hectares cultivados 2% foram colhidos, e 23% estão em fase de maturação. Os resultados são considerados satisfatórios. Em Santa Margarida do Sul, as lavouras dependentes de rios estão sendo irrigadas de forma intermitente por meio de sistemas baseados em banhos, que não garantem as condições ideais de inundação permanente.

Na de Pelotas, 71% das lavouras estão na fase de desenvolvimento vegetativo, 25% em floração e 4% em enchimento de grãos. O desenvolvimento das plantas segue conforme o esperado, com bom estado fitossanitário. Os dias de radiação solar plena e de temperaturas elevadas proporcionam otimismo quanto às produtividades, que devem variar entre 9 mil e 10 mil quilos por hectare.

Na de Santa Maria, o baixo volume de cursos d’água dificultam o manejo da irrigação por inundação. Em áreas irrigadas por barragens e açudes, há boa disponibilidade de água, e o desenvolvimento das lavouras está muito satisfatório.

Na de Santa Rosa, as chuvas da semana anterior não alteraram os níveis dos reservatórios para irrigação em função da baixa umidade do solo nas áreas de captação. Por essa razão, os produtores optaram por reduzir a lâmina de irrigação para evitar o bombeamento de água de cursos e reduzir os custos de produção. Observa-se a ocorrência de percevejos, que causam danos nas panículas e grãos, resultando em abortamento e provável presença de grãos gessados. Devido às pequenas áreas de cultivo, os produtores enfrentam dificuldades na contratação de serviços de pulverização aérea, seja por aviação ou drones, o que pode impactar na qualidade da safra.

Na de Soledade, o cenário é de normalidade. A irrigação continua de forma eficiente em decorrência das condições climáticas de alta radiação solar e temperaturas típicas da estação, que favorecem o avanço do ciclo e mantêm o potencial produtivo. O uso racional da água tem sido de extrema importância, especialmente para lavouras com pequenos reservatórios ou dependentes de riachos. Estão 60% das áreas em desenvolvimento vegetativo, 30% em florescimento, 8% em enchimento de grãos, e 2% em maturação.