O controle localizado de plantas daninhas apresenta resultados positivos na redução do uso de herbicidas, o que traz vantagens ambientais e econômicas. Estudos demonstraram resultados de 23% a 89% na economia do uso dos produtos, a partir do mapeamento seguido pela aplicação localizada. No entanto, além de ainda estar em expansão, essa técnica ainda encontra barreiras tecnológicas para avançar.
Atualmente, o controle de plantas daninhas costuma ser realizado na área total, o que não condiz com as características das plantas, que apresentam infestação em manchas. Além disso, a tecnologia consolidada no Brasil faz o que é chamado de reconhecimento do verde sobre o marrom, por meio do uso de sensores e índices de vegetação, como o Índice de Vegetação da Diferença Normalizada (NDVI).
Ele realiza o reconhecimento, identificando onde há planta daninha e aplicando o controle localizado. No entanto, existem limitações, com a necessidade de realizar as aplicações em momentos específicos, como na dessecação e após a colheita. Esses e outros fatores vem impulsionando a pesquisa para o desenvolvimento de novas técnicas.
“Nos últimos anos há uma tentativa de aprimorar essas técnicas já existentes e fazer com que, além de reconhecer a presença da planta daninha, que seja reconhecida também a diferença entre a cultura e a planta daninha, ou seja, reconhecer e fazer a aplicação para essa planta dentro das culturas”, explica a professora Catarine Markus, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Ela discorreu sobre o assunto no painel “Inovações no diagnóstico fitossanitário da soja e tomadas de decisões de manejo’’, realizado hoje (18) no IX Congresso Brasileiro de Soja e Mercosoja 2022, em Foz do Iguaçu.
O desenvolvimento dessas tecnologias promete um “avanço bastante grande” para o controle das plantas daninhas, segundo Catarine. No entanto, ainda é necessário desenvolver mecanismos para aplicar o reconhecimento do “verde sobre o verde”, como algoritmos capazes de identificar essas plantas daninhas no cenário brasileiro. “Avanços muito grandes ainda precisam ser feitos, tem muitos desafios que a gente têm que vencer nesse sentido”, ressalta a professora.
Perspectiva
A aplicação dessas tecnologias no campo ainda não tem prazo ou data definida, dependendo do avanço tecnológico, como a disponibilidade de equipamentos. “A partir do momento que a gente tiver esses sistemas robustos, eu acredito que vai ter uma grande procura pelos produtores, porque tem uma grande demanda pelos casos de resistência e pelas questões econômicas e ambientais”, avalia a especialista. Algumas das novas tecnologias que estão surgindo mercado para o controle localizado ainda estão com os estudos experimentais no princípio, mas algumas já estão sendo inseridas no campo para teste e uso dos produtores rurais.