Representantes de nove países produtores de algodão da América Latina se reuniram semana passada, na Argentina, com o objetivo de fortalecer a atuação conjunta em prol da ciência, inovação e trabalho em rede. O XV Encontro Regional de Pesquisadores de Algodão da América Latina e Caribe foi realizado pelo International Cotton Advisory Committee – ICAC, por meio da ALIDA e em parceria com o Instituto Nacional de Tecnologia Agropecuária da Argentina (INTA), de 9 a 11 de setembro, na estação experimental de Reconquista, no norte de Santa Fé.
O evento contou com participação de pesquisadores e técnicos do setor algodoeiro de nove países incluindo Argentina, Brasil, Paraguai, Peru, Colômbia, Bolívia, Equador, México e Chile, além de membros do ICAC da Índia e Estados Unidos. Os pesquisadores da Embrapa Algodão Nelson Suassuna e Fábio Aquino representaram a pesquisa brasileira no encontro.
Desde 1986, o ICAC apoia na organização da Associação Latino-Americana de Pesquisa e Desenvolvimento do Algodão, que reúne a maioria dos países produtores de algodão da região. Após um intervalo de oito anos, a rede de pesquisadores e técnicos ligados à cadeia produtiva da cultura na região voltou a se reunir.
“A cadeia de valor do algodão é estratégica para o desenvolvimento territorial de muitos países, especialmente na América Latina e no Caribe, e é de grande importância considerar todos os processos produtivos envolvidos, do campo à confecção. Pesquisa, extensão e desenvolvimento desempenham um papel fundamental e estratégico na produção sustentável e competitiva, na agregação de valor e na comercialização do algodão latino-americano”, afirmou Suassuna.
Com o tema “Horizontes produtivos para o algodão na América Latina e no Caribe”, o evento buscou reativar a rede de cooperação regional e definir uma agenda comum de pesquisa e desenvolvimento para o algodão, cultura estratégica para as economias regionais, especialmente o Brasil, que atualmente lidera as exportações mundiais.
Os participantes tiveram a oportunidade de trocar experiências em prol do crescimento sustentável da produção e da área cultivada na região, além de abrir novas oportunidades de desenvolvimento.
Também foram discutidos assuntos como recursos naturais, melhoramento genético, pragas, tecnologias 4.0 e cenários atuais. O encontro abordou ainda o combate ao avanço das fibras sintéticas em detrimento das naturais no setor têxtil e necessidade de ações conjuntas sobre os impactos ambientais das fibras derivadas de petróleo.
O pesquisador Nelson Suassuna relata que o programa abordou grandes eixos técnicos que delinearam o roteiro para um algodão mais competitivo e sustentável: ecofisiologia do algodão, recursos genéticos e melhoramento, fitossanidade, inovação tecnológica e a organização institucional na cadeia regional do algodão. O pesquisador apresentou três palestras no evento – Programas de melhoramento e sua importância na América Latina; Manejo integrado de doenças; e Situação atual do algodão no Brasil. O pesquisador Fábio Aquino proferiu palestra sobre Ecofisiologia e uso eficiente dos recursos naturais.
Durante a sessão plenária, representantes do ICAC destacaram o papel global do cultivo. “O algodão é como a ONU das fibras: reduz a pobreza, empodera as mulheres, ajuda a combater as mudanças climáticas e se adapta a condições onde outras culturas não conseguem crescer“, disse Eric Trachtenberg, representante da organização. O representante científico do ICAC, Keshav Kranthi, enfatizou que o futuro do algodão dependerá de mais cooperação, mais ciência e mais inovação compartilhada. “Como pesquisadores, nossa obrigação não é apenas aumentar a produtividade, mas também melhorar a renda dos produtores. A cooperação internacional é fundamental para alcançar isso.”
A sessão plenária também definiu a presidência e vice-presidência da ALIDA para os próximos anos, sob a liderança da Argentina e do Brasil, respectivamente. O pesquisador do INTA, Marcelo Paytas foi indicado como presidente e o pesquisador da Embrapa Algodão Nelson Suassuna é vice-presidente.
Fonte: Embrapa