A Abertura Oficial da Colheita da Oliva será realizada no dia 7 de março, na sede da Azeite Puro, em Cachoeira do Sul, na Região Central do Rio Grande do Sul. O ato, que chega a sua 13ª edição, é organizado pelo Instituto Brasileiro de Olivicultura (Ibraoliva) em parceria com a Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi). Na safra 2023/2024, o evento ocorreu na propriedade da Olivas de Gramado, na Serra Gaúcha.
O presidente do Ibraoliva, Renato Fernandes, sublinha que a abertura da colheita retorna à sede de sua primeira edição, realizada em 2012. “Foi no município o primeiro evento oficial e depois percorremos todo o Estado. Percorremos a região da Fronteira, a região do Pampa, a região da Costa Doce, voltou ao centro do Estado, andou pela grande Porto Alegre, estivemos na Serra Gaúcha e agora retorna para o município que foi a primeira sede da abertura da colheita da Oliva”, destaca.
O dirigente reforça a animação pelos investimentos que aconteceram no município, pela produtividade e também por ter sido lá, por meio da Olivas do Sul, a primeira marca comercial do azeite de oliva no Brasil. “É importante prestigiar o município e teremos agora uma grande abertura, contando com os produtores, as autoridades e a imprensa, para poder falar desse novo modal econômico que está sendo criado no Rio Grande do Sul”, afirma. Fernandes reconhece que a olivicultura ainda não representa grandes arrecadações, mas, em outros países, ela movimenta a economia. “E nós acreditamos que, no futuro, também a oliva possa ser uma grande alavanca econômica do nosso Estado e do nosso país”, projeta.
O local escolhido foi na propriedade da família Farina, da Azeite Puro, que inaugurará uma fase nova da indústria com equipamentos que chegaram da Itália e “mostrará toda a tecnologia, toda a capacidade produtiva que hoje o Rio Grande do Sul tem, que é um exemplo de indústria”, completa o presidente do Ibraoliva.
Cenário
O Rio Grande do Sul é o maior produtor de olivas e de azeites no País. Apesar disso, conforme o coordenador do Programa Estadual de Desenvolvimento da Olivicultura (Pró-Oliva) da Seapi, o engenheiro agrônomo Paulo Lipp João, no mundo a produção do Brasil é ínfima (0,02%). Em 2023, a produção de azeite de oliva na safra 2022/2023 no Rio Grande do Sul aumentou 29% (produção de 580.228 litros) em relação ao ciclo anterior.
No ano passado, porém, o excesso de chuvas, desde a floração até a colheita, foi o principal motivo que causou a quebra na produção de azeite de oliva. Em alguns municípios, a precipitação chegou a 700 milímetros em setembro. Com as chuvas extremas, a redução foi na ordem de 73% frente à expectativa inicial da coordenação do Pró-Oliva e de 67% referente à produção obtida em 2023, com a produção despencando de 580.228 litros para 193.150 litros, conforme a Seapi.
O presidente do Ibraoliva sublinha que ainda é cedo para falar em números, mas está otimista com a safra 2024/2025. “A nossa expectativa é, de no mínimo, repetir a produção da safra anterior”. O dirigente, porém, reclama que os produtores estão tendo muitos problemas com a deriva de herbicidas hormonais, entre eles o 2,4-D, que é autorizado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa). O agroquímico é usado antes da época de plantio da soja para combater a buva (Conyza bonariensis). “A deriva dos herbicidas é um problema sério que amanhã será discutido em Cachoeira do Sul entre produtores e autoridades. Tem causado muitos prejuízos”, salienta.
A área plantada com oliveiras está próxima a 6,5 mil hectares, enquanto a área estimada em idade produtiva (quatro anos ou mais) em 5 mil hectares. que a maior área plantada com oliveiras (Olea europaea L.) está na Metade Sul do Estado. A oliveira é uma árvore frutífera de clima temperado que precisa do frio para produzir frutos. A colheita é feita uma vez por ano, entre o final de janeiro e o início de abril, e pode ser manual ou mecanizada.
Os principais municípios produtores são Bagé. Barra do Ribeiro, Canguçu, Caçapava do Sul, Cachoeira do Sul, Encruzilhada do Sul, Pinheiro Machado, Santana do Livramento, Sentinela do Sul e Viamão. No entanto, o zoneamento edafoclimático realizado pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) mostra que o Rio Grande do Sul possui 7,4 milhões de hectares de terra com aptidão recomendável para o cultivo. E 51% deles estão na Metade Sul do Estado.
O setor gera aproximadamente 2 mil empregos diretos. As variedades de azeitonas que melhor se adequaram às condições de clima e solo do Rio Grande do Sul são a Arbequina, Arbozana, Koroneiki, Picual, Coratina e Frantoio.
Números no RS
- Hoje são 25 fábricas;
- Cerca de 100 marcas de azeites;
- São 340 produtores rurais;
- A olivicultura está presente em 112 municípios;
- A atividade gera 2 mil empregos diretos;