Com a colheita da soja avançando no Brasil, percebe-se grande disparidade entre a produção no Sul e no centro-norte do país. No Rio Grande do Sul a produtividade estimada é de 25,4 sc/ha, ou seja, 56,2% menor em relação a safra passada; sendo a menor produtividade média registrada no Estado desde 2005. Em contrapartida, em Goiás a produtividade estimada é um novo recorde de 66,3 sc/ha, sendo 8% a mais que na safra anterior.
“A safra brasileira poderia produzir algo em torno de 145 milhões/t se fosse considerar o potencial pleno dela, e nós devemos produzir 124 milhões/t, ou seja, são 20 milhões/t que a gente está deixando de produzir nesta safra; basicamente por conta das condições climáticas. […] Uma safra muito irregular que acabou prejudicando muito os produtores do Sul”, informa o coordenador do Rally da Safra, André Debastiani.
O Rally da Safra trabalha com uma área de produção brasileira de 40,8 milhões/ha, no entanto, os números da pesquisa são pelo menos 200 mil hectares menores do que os números da Conab para o Rio Grande do Sul, onde a safra quebrou. Isso, porque “houve um percentual de lavouras que sequer foram plantadas no Estado. Nas Missões, que é uma região mais precoce, as perdas já estavam consolidadas em janeiro e fevereiro. […] Grandes perdas principalmente em estande, peso de grãos e a produtividade”, ressalta coordenador técnico do Rally, Valmir Assarice.
Além dos números
Diante de tantos gargalos a pandemia, estiagem e conflitos geopolíticos, o produtor segue otimista para a próxima safra. “A resiliência do produtor brasileiro é impressionante, diante de várias incertezas, aumento de custos, guerra, a própria estiagem trouxe desafios, mas ele não deixou de sonhar e pensar em como sair disso. Já está pensando em como fazer a safra de inverno e planejando a safra do ano que vem”, frisa Assarice.
“O produtor já está acostumado a vivenciar situações como essas. Se pegarmos a safra 2019/20 que foi uma produtividade de 37 sc/ha foi uma safra que teve bastante problema. A safra 2011/12 foi uma safra terrível em termos de produtividade, muito semelhante ao que estamos tendo nessa safra. Então o produtor do Rio Grande do Sul ele sabe que no seu estado a cada 4 ou 5 safras vai ter um problema. O lado bom é que ele tem seguro e o outro é que vem de uma safra muito boa, principalmente a safra passada quando o produtor conseguiu se capitalizar o que ameniza um pouco os problemas vivenciados agora”, afirma Debastiani.
Não acredito em redução de área no RS, isso não deve acontecer, o produtor deve sim plantar toda a área que ele tem à disposição para essa próxima safra, até com intuito de reverter a situação vivenciada esse ano.
André Debastiani