Dezoito toneladas de alimentos orgânicos não utilizados pela Cúpula dos Povos, que aconteceu de 12 a 18 de novembro, durante a COP 30, foram doados na tarde desta quinta-feira (19) a 14 cozinhas solidárias de Belém, da Região Metropolitana e de outras cidades do Estado, como Parauapebas. Os alimentos foram comprados para a COP 30 pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), em parceria com o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS), por meio de uma chamada especial do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA).
No total, a estatal adquiriu 146 toneladas de alimentos produzidos pela agricultura familiar de todo o Brasil, com destaque para a produção da região amazônica, servindo também à COP Indígena e ao Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB).
“As cozinhas solidárias têm comida quilombola, indigena e da reforma agrária. Elas não só alimentam as pessoas mas também a alma delas, porque acolhem quem mais precisa. É assim que se constrói uma rede de apoio para mudar e transformar o Brasil e o mundo”, disse o ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA), Paulo Teixeira, que esteve presente na cerimônia, ocorrida no Espaço Cooking Show, na Agrizone.
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Das 86 toneladas recebidas pela Cúpula, foram utilizadas 68 toneladas. Com o fim do evento, o Movimento Camponês Popular (MCP), o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), a Articulação Nacional de Agroecologia (ANA) e o MAB articularam a entrega dos alimentos. Durante cinco dias completos (totalizando 120 horas de operação ininterrupta), foram preparadas cerca de 21 mil refeições diariamente — incluindo café da manhã, almoço e jantar —, além de ações de solidariedade em bairros periféricos próximos à Universidade Federal do Pará (UFPA).
Para o presidente da Conab, Edegar Pretto, a atuação da empresa ao abastecer a COP com agricultura familiar é a demonstração de que a Companhia voltou a cumprir seu papel. “Essa entrega à Cúpula dos Povos deixa claro a importância da retomada do protagonismo da empresa. A pedido do governo federal, colocamos a agricultura familiar dentro da COP, algo que nunca aconteceu na história do evento”, disse.
Funcionando 24 horas em três turnos, a cozinha representa o esforço dos movimentos sociais para garantir a segurança alimentar dos brasileiros, como acontece sempre que o país é afetado por algum extremo climático, como o que ocorreu recentemente no Paraná. Atividades como o Banquetaço, realizado no domingo (16), e ações descentralizadas nos territórios também foram beneficiadas pelos trabalhos da cozinha, que reuniu 162 pessoas e 500 voluntários para a montagem das quentinhas.
“É muito importante dizer que esse alimento carrega muitas outras coisas além da agroecologia. É uma alimentação saudável que carrega também a reforma agrária, a valorização dos territórios e todo o processo de luta dos movimentos sociais. É um prato recheado de lutas, conquistas e resultado de muitos esforços”, diz Fabio Pacheco, integrante da Articulação Nacional de Agroecologia.
Para Elisangêla Sanches Januário, coordenadora-geral de Aquisição e Distribuição de Alimentos da Secretaria Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Sesan/MDS), os sistemas alimentares hoje são os principais problemas do clima e, também, as principais soluções. “Então trazemos essa valorização da agricultura familiar. O MDS investiu nessa parceria porque entende que ela trouxe essa possibilidade de levar a agricultura familiar não só para o Brasil, mas também no mundo”, ressalta.
O evento também contou com o ato doação dos equipamentos e utensílios, do MDA, que faziam parte das instalações do Cooking Show, localizado no Espaço Gastronômico da Agrizone, no qual, durante 12 dias, foram apresentadas receitas ancestrais e saberes culturais de povos e comunidades tradicionais.
Fonte: Conab
