Erva-mate

Painel na COP30 debate erva-mate e seu potencial de descarbonização

Apresentaram os estudos que mostram o potencial da erva-mate para promover a descarbonização e aumentar o carbono no solo

Painel sobre erva-mate na COP30, em Belém do Pará | Foto: Seapi/Divulgação
Painel sobre erva-mate na COP30, em Belém do Pará | Foto: Seapi/Divulgação

A erva-mate foi tema de debate na COP30, em Belém do Pará, na tarde deste domingo (16/11). No painel “Erva-mate e O Futuro Verde: Descarbonização, Florestas e Comunidade”, pesquisadores do Departamento de Diagnóstico e Pesquisa Agropecuária da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (DDPA/Seapi) apresentaram os estudos que mostram o potencial da erva-mate para promover a descarbonização e aumentar o carbono no solo.

O engenheiro florestal Jackson Brilhante, do DDPA/Seapi, mostrou que o sistema sombreado utilizado na produção de erva-mate é o que mais se aproxima da mata nativa, de acordo com os estudos que a Secretaria da Agricultura vem desenvolvendo. “É um sistema que vai ter maior capacidade de adaptação às mudanças climáticas, porque tem maior reserva de nutrientes, maior taxa de infiltração de água no solo e consequentemente maior atividade biológica”, afirmou. Segundo o pesquisador, “na pequena porção de solo analisada até agora neste estudo, estimativas indicam a presença de dezenas de bilhões de microrganismos, entre bactérias e fungos, convivendo com as raízes da erva-mate”.

Já o meteorologista da Seapi, Flávio Varone, falou sobre os dados das estações meteorológicas, comparando as que estão no sistema sombreado com as que estão no pleno sol. “O sistema sombreado traz um resultado melhor para a planta, registrando temperaturas mais baixas durante o verão e mínimas mais altas durante o inverno, o que favorece o conforto da planta”, explicou Varone.

Selos

A diretora de Biodiversidade da Secretaria do Meio Ambiente e Infraestrutura (Sema), Cátia Viviane Gonçalves, apresentou o Selo de Manejo Certificado entregue pela Sema, um instrumento de reconhecimento e valorização das práticas sustentáveis desenvolvidas no Rio Grande do Sul. Atualmente, existem 97 propriedades certificadas que cultivam erva-mate entre suas espécies nativas, demonstrando que é possível conciliar produção econômica com conservação ambiental. “O selo garante segurança jurídica, rastreabilidade e credibilidade ao manejo da flora nativa, fortalecendo o compromisso dos produtores com o uso sustentável dos recursos florestais e estimulando novos modelos de economia verde no Estado”, destacou Cátia.

Já o gerente de Classificação e Certificação da Emater/RS-Ascar, Mateus Rocha, explicou como funciona o selo de certificação da erva-mate emitido pela empresa. Atualmente, seis ervateiras participam do programa. “A gente faz o acompanhamento de todo o processo, desde a lavoura até a gôndola, através de auditorias, para fazer as orientações e adaptações devidas”, afirmou Rocha. O selo de qualidade da Emater fica impresso nas embalagens de erva-mate, garantindo a segurança do produto que chega até o consumidor.

O potencial

Josileia Zanatta, da Embrapa Florestas do Paraná, falou sobre o potencial de crescimento que a erva-mate tem para o desenvolvimento de novos produtos como para a indústria farmacêutica, alimentação e cosméticos. A empresa também desenvolve pesquisas sobre melhoramento genético, sistemas de produção e realiza testes de novos produtos. A empresa também desenvolveu, em parceria com a Fundação Solidaridad, a ferramenta Carbon Matte, que mede os estoques de carbono e as emissões de gases de efeito estufa (GEE).

O diretor de país da Fundação Solidaridad, Rodrigo Castro, destacou as vantagens do cultivo da erva-mate. “A erva-mate oferece múltiplos benefícios para o produtor, a floresta e o clima, e a implantação de sistemas agroflorestais representa uma solução baseada na natureza muito eficiente“, afirmou.

A presidente da Associação de Produtores e Parceiros da Erva-Mate do Alto Taquari (Appemat), Ariane Maia, mostrou o processo desenvolvido pela Associação para entrar com pedido de uma IG da Erva-Mate do Alto Taquari. “Nós temos uma identidade singular que apresenta características químicas e sensoriais únicas, resultantes da integração entre solo, clima, manejo e processo industrial”, afirmou. O pedido da IG está sendo encaminhado pela Associação e contou com estudos do DDPA/Seapi. (acesse aqui).

Fonte: Seapi