Mercado

Algodão: pressão compradora e desvalorizações externa e cambial enfraquecem preço

Parte das indústrias segue utilizando a matéria-prima estocada e/ou de contratos, enquanto outras unidades têm interesse em aquisições do algodão no spot.

Os valores do algodão em pluma oscilaram ao longo da última semana, ora sustentados pela postura firme de vendedores, ora pressionados pelos menores preços ofertados pelas indústrias para novas aquisições no spot. No entanto, as desvalorizações externa e cambial e, consequentemente, a queda na paridade de exportação acabaram prevalecendo e resultando em baixas nas cotações internas.

De acordo com pesquisadores do Cepea, parte das indústrias segue utilizando a matéria-prima estocada e/ou de contratos, enquanto outras unidades têm interesse em aquisições no spot; mas apenas para atender a necessidades imediatas e/ou alguma reposição, alegando dificuldades no repasse da valorização da pluma aos produtos ao longo da cadeia têxtil. Os vendedores, em especial os cotonicultores, estão um pouco mais flexíveis quanto aos preços, mas sem grandes necessidades de venda.

Assim, agentes ainda têm dificuldades em acordar tanto o preço como a qualidade dos lotes disponibilizados, contexto que limita a liquidez doméstica. Entre 8 e 15 de fevereiro, o Indicador CEPEA/ESALQ do algodão em pluma recuou 0,4%, fechando a R$ 7,0221/lp na terça-feira, 15. Na parcial de fevereiro, porém, o Indicador registra alta de 0,57%.

Café: indicador do arábica renova máxima nominal

As cotações domésticas do café arábica registraram altas significativas nos últimos dias, tendo ultrapassado a casa dos R$ 1.500,00/saca de 60 kg. De acordo com pesquisadores do Cepea, o impulso vem dos expressivos ganhos na Bolsa de Nova York (ICE Futures); que refletem preocupações quanto à oferta global neste ano.

Na quarta-feira (9), especificamente, o Indicador CEPEA/ESALQ do arábica tipo 6, posto na capital paulista, fechou a R$ 1.555,19/sc; novo recorde nominal da série histórica do Cepea, iniciada em 1996. Em termos reais, os preços são os maiores desde dezembro de 1999 (valores deflacionados pelo IGP-DI de jan/22).

A valorização também atraiu vendedores ao mercado nacional, permitindo o fechamento de negócios em maior volume. No entanto, nessa terça-feira (15), o Indicador do arábica registrou queda de 0,7% frente à terça anterior, pressionado pela queda do dólar frente ao Real, fechando a R$ 1.499,37/sc. Para o robusta, os preços acompanharam o movimento de valorização do arábica até o dia 9, voltando a cair a partir da quinta, 10.

A liquidez interna, no entanto, não avançou durante as altas, uma vez que a maior parte dos vendedores segue retraída. Agentes consultados pelo Cepea acreditam que produtores devem negociar maiores volumes apenas com o início da colheita da safra 2022/23, a fim de custear as atividades. Nessa terça-feira, o Indicador CEPEA/ESALQ do tipo 6 peneira 13 acima fechou a R$ 823,87/sc, recuo de 0,56% frente à terça anterior. 

Fonte: Cepea (www.cepea.esalq.usp.br)