
Maior produtor individual de oliveiras (Olea europaea L.) do Brasil, o empresário paulista Luiz Eduardo Batalha cultiva aproximadamente 620 hectares de oliveiras em três fazendas dos municípios de Pinheiro Machado e Candiota, situados no Sudoeste gaúcho, quase na fronteira com o Uruguai. A maior parte da produção está concentrada em Pinheiro Machado, com 500 hectares. Os outros 120 hectares estão em Candiota. “Desse total, em torno de 480 hectares são efetivos”, salienta Batalha.
Em 2023, o empresário colheu a maior safra de sua história e produziu mais de 200 mil litros de azeite extravirgem que leva o seu nome. As enchentes de 2024 não afetaram a produção de azeite, já que as azeitonas já haviam sido colhidas. Mas o resultado ficou muito distante da safra anterior, em 120 mil litros.
A safra 2024/2025 poderá ser impactada pelo excesso de chuvas entre maio e setembro. O solo encharcado prejudicou as oliveiras. A empresa está começando a colheita agora em março e projeta produzir entre 60 mil e 80 mil litros de azeite extravirgem. “Até poucos dias estava tudo verde nos pomares, mas agora as olivas começaram a ganhar uma coloração amarela. Na nossa região tem um vento muito forte e a maior produção se deu nas oliveiras plantadas nos baixios e áreas mais protegidas”, explica.

Outra dificuldade apontada pelo empresário é a deriva do 2,4-D, herbicida hormonal amplamente utilizado na lavoura de soja para controle da buva. “Quando a velocidade do vento passa de 13, 14 quilômetros por hora, todos ficam alertas na região. A deriva do 2,4-D já virou caso de polícia”, reclama Batalha, que recentemente adquiriu uma vinícola e está construindo um condomínio em Pinheiro Machado.
Para acelerar o trabalho da colheita, o olivicultor importou da Europa seis máquinas vibradoras de troncos e mantém um sétimo equipamento de reserva. “As vibradoras de tronco reduzem o tempo de colheita e permitem uma diminuição dos custos da etapa em até 50%. Uma máquina substitui entre 40 a 50 pessoas”, observa.
A Azeites Batalha começou a investir nos olivais em 2010, com o plantio de 35 hectares em Pinheiro Machado. De lá para cá, a área dos pomares na Estância da Guarda Velha aumentou significativamente. No local foi instalada uma das maiores indústrias de extração de azeite de oliva do País, com capacidade para processar 1,5 mil quilos por hora.
Os olivais nascem nas terras do paralelo 31 do Hemisfério Sul, na Campanha Gaúcha, com terroir incomparável para o cultivo de azeitonas, com pelo menos 500 horas de frio abaixo de 7ºC. É um notório berço mundial de azeites e vinhos finos extraordinários.
Abertura da colheita
Após 13 anos, Cachoeira do Sul, no Centro do Estado, voltará a sediar a Abertura da Colheita de Oliva. O evento, promovido pelo Instituto Brasileiro de Olivicultura (Ibraoliva) e Secretaria da Agricultura, Pecuária Produção Sustentável e Irrigação (Seapi), será realizado amanhã (07), na sede da Azeite Puro, onde o pomar possui 200 hectares plantados com mais de dez variedades de olivas. O evento tem uma programação técnica que inicia às 9h, e a solenidade oficial de abertura está marcada para as 11h.

A produção de olivas em Cachoeira do Sul ocupa uma área de 364 hectares, com produtividade média de uma tonelada por hectare. “O município tem potencial para mais”, avalia o chefe do Escritório Municipal da Emater/RS-Ascar, Luciano Mazuim. Além da indústria Azeite Puro, anfitriã do evento desta sexta-feira, Cachoeira do Sul é sede de outras duas indústrias de azeite, a Olivas do Sul, pioneira no Brasil na produção e comercialização de azeite extravirgem, e a Lagar H.
No Rio Grande do Sul, onde a oliveira foi introduzida oficialmente em 1948, a área plantada vem crescendo em um ritmo acelerado. O Estado conta 6,2 mil hectares dedicados à olivicultura e conta com 340 produtores em 112 municípios.
A produção está quase toda concentrada na Metade Sul do Estado, principalmente em Bagé, Barra do Ribeiro, Canguçu, Caçapava do Sul, Cachoeira do Sul, Encruzilhada do Sul, Pinheiro Machado, Santana do Livramento, São Sepé, São Gabriel, Sentinela do Sul e Viamão. Atualmente são 25 fábricas e cerca de 100 marcas de azeite.
Na safra 2022/2023, a produção de azeite de oliva aumentou 29% (produção de 580.228 litros) em relação à temporada anterior, conforme levantamentos da Seapi e do Instituto Brasileiro de Olivicultura (Ibraoliva). No ciclo 2023/2024, porém, os produtores gaúchos tiveram perdas significativas devido ao excesso de chuvas provocadas pelo fenômeno climático El Niño.
Com as precipitações extremas, a produção caiu 73% frente à expectativa inicial da coordenação do Programa Estadual de Desenvolvimento da Olivicultura (Pró-Oliva) e de 67% referente à produção obtida em 2023. Passou de 580.228 litros para 193.500 litros em 2024.