O Rio Grande do Sul responde por 68% da produção nacional de arroz, de acordo com números da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). A área total semeada com o cereal na safra 2024/2025 no Estado foi de 970.194 hectares, com um aumento de 7,8% em relação à safra passada, segundo dados do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga).
Os números da safra e os custos de produção foram os principais temas discutidos na primeira reunião do ano da Câmara Setorial do Arroz para debater desafios do setor e as perspectivas para o mercado. O encontro ocorreu durante a 35ª Abertura Oficial da Colheita do Arroz e Grãos em Terras Baixas, em Capão do Leão (RS) e reuniu representantes da Federação das Associações dos Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz), da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e da Conab, entre outras.
O presidente da Federarroz, Alexandre Velho, ressaltou a preocupação com os elevados custos de produção do arroz no Rio Grande do Sul, que dificultam a rentabilidade dos produtores. Segundo ele, o valor médio do custo de produção é de R$ 90,00 por hectare e a comercialização abaixo desse valor por saca não cobre os custos operacionais, que ultrapassam R$ 12 mil por hectare em desembolso e chegam a R$ 16 mil no custo total.
“O principal problema da lavoura de arroz é o alto custo de produção. Hoje, ele é o maior desafio enfrentado pelos produtores”, observa o dirigente, Ele frisa que o Estado tem seis regiões arrozeiras com cenários bem diferentes, o que exige um profissionalismo cada vez maior do orizicultor, que precisa ser um empresário, gerenciar a sua atividade e fazer a própria gestão de custos. “A lavoura de arroz exige um alto investimento por hectare e isso requer profissionalismo do orizicultor”, finaliza.
O dirigente diz que o custo de produção do ciclo 2024/2025 só será conhecido após o fechamento da safra. E lembra que, na safra anterior, devido à enchente de maio e chuvas extremas em setembro e outubro, os produtores da Depressão Central tiveram que fazer a recuperação estrutural das áreas de arroz, tanto de canais de irrigação, drenagem e estruturas de armazenagem. E isso pode impactar nos custos de produção. “Só vamos ter um número mais correto após a conclusão da safra, mas estamos estimando um aumento de 3% a 5% no custo de produção”, adianta.
Mas afinal, o que é custo de produção arrozeiro? Basicamente, trata-se de um indicador que envolve todas as despesas fixas e variáveis necessárias para implantar e manejar a cultura. Ele varia de acordo com cada uma das seis regiões arrozeiras do Irga, a safra e o sistema de produção utilizado pelo produtor rural.
O indicador considera itens como despesas de custeio da lavoura (operações na lavoura, irrigação) reformas e manutenções, energia elétrica e irrigação, sementes, adubos (base e cobertura) e agroquímicos. Além de gastos com aviação agrícola, aguador (comissão), transportes internos, taxa de licenciamento, administrador e salários, bem como outras despesas como fretes, secagem, taxa Funrural, seguro agrícola (de 3%) e assistência técnica (2%).
Na safra 2022/2023, o custo de produção foi de R$ 16.909,23, com produtividade média de 174,07 quilos por hectare (média RS das últimas três safras), segundo o Irga. O custo por saco de 50 quilos ficou em R$ 98,59 ou U$ 19,79.
Na safra 2023/2024, o valor médio passou para R$ 17.362,08. O custo por saco foi de R$ 99,74 ou U$ 19,43. O custo de desembolso ficou em R$ 12 mil. As reformas e manutenções responderam por 8,55% dos custos de produção desse ciclo. A aplicação de adubo (base e cobertura) representaram 8,23% dos custos de produção, seguido por agroquímicos, que foram responsáveis por 7,63% dos custos.