Safra de Arroz

Uma safra de recordes no arroz

Aumento de 10% da área plantada com o grão explica o otimismo dos orizicultores, segundo o Cepea

Um agricultor de arroz em pé em um campo de plantações verdes, um arrozal com brotos verdes exuberantes.
Safra recorde de arroz deve pressionar os preços em 2025 | Foto: Bancos de imagens

A colheita da safra 2024/25 do arroz pode ser a maior em sete anos, com 12,06 milhões de toneladas. O possível recorde se deve ao aumento de área de quase 10% em relação à temporada anterior, segundo o Centro de Estudos em Economia Aplicada (Cepea), que é parte do Departamento de Economia, Administração e Sociologia da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (Esalq), unidade da Universidade de São Paulo (USP).

O maior excedente doméstico deve reduzir a necessidade de importação, bem como favorecer as exportações, de acordo com pesquisadores do Cepea. A previsão da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) é que as vendas alcancem 2 milhões de toneladas e, com isso, a importação caia 18%, para 1,4 milhão de toneladas. Na safra 2023/2024, o País importou 1,7 milhão de toneladas, acima da média histórica do setor. E exportou 1,3 milhão de toneladas, segundo números da Conab.

Em nível mundial, as condições das lavouras são consideradas boas em praticamente todos os principais países produtores (exceto nas Filipinas), o que deve contribuir para uma produção recorde na temporada 2024/25, ainda conforme pesquisadores do Cepea.

Na safra 2023/2024, o Brasil cultivou 1,60 milhão de hectares com arroz, um crescimento de 8,6% em relação ao ciclo anterior, conforme a Conab. Para a safra 2024/2025, a estimativa é de uma área plantada de 1,78 milhão de hectares, alta de 11,1%. A produção nesta temporada deve ser de 12,14 milhões de toneladas, variação de 14,67% na comparação com a da safra anterior, de 10,58 milhões de toneladas.

Rio Grande do Sul

Maior produtor nacional, o Rio Grande do Sul semeou 927.8885,90 hectares de arroz irrigado, o que representa 97,84% da intenção prevista para a safra 2024-2025. A projeção inicial era de 948.356,80 hectares, conforme o Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga).

No entanto, três das seis regiões arrozeiras do Instituto não conseguiram concluir 100% do plantio. A produção estimada para esse ciclo é de 8,04 milhões de toneladas, um incremento de 11,69% em relação à safra anterior, A Emater/RS-Ascar estima uma produtividade de 8.478 quilos por hectare.

No ano passado, o Estado, que responde por 68% da produção nacional de arroz irrigado, colheu 7.162.674,9 toneladas. Na safra 2023/2024, foram semeados 900.203 hectares de arroz irrigado. Destes, foram colhidos 851.664,22 hectares, correspondendo a 94,61% da área semeada, com uma média de produtividade de 8.410,21 quilos por hectare.

Preços

Com movimentações discretas, o mercado interno de arroz reflete, na demanda, os efeitos do típico período de recessos de janeiro. Oliveira, da Safras & Mercado, ressalta que, apesar disso, há uma expectativa de recuperação nas compras mensais ao longo das próximas semanas, à medida que as indústrias voltam gradualmente às atividades, o que pode aumentar a presença de compradores no mercado.

No RS, os preços permanecem entre R$ 94,50 na Região Central e R$ 105,00 nas áreas das planícies, mostrando relativa estabilidade em um ambiente de baixa movimentação. “Com a chegada de uma nova safra e a perspectiva de uma oferta robusta, o setor enfrenta o desafio de transformar essa produção em produtos acessíveis ao consumidor final, enquanto busca assegurar retornos justos para a indústria e para os agricultores”, observa. “Este equilíbrio é essencial para manter a sustentabilidade e a lucratividade em todos os segmentos da cadeia produtiva”, acrescenta.

A cadeia produtiva aposta que, em março de 2025, com a colheita no Brasil os produtores consigam valores de R$ 80,00 a R$ 90,00 por saca de 50 quilos, valores que praticamente equivalem a um “empate” para os produtores, considerando uma gestão eficiente de custos e alta produtividade esperada.

Oliveira explica que o mercado externo desponta como peça-chave nesse contexto, especialmente com o dólar valorizado, acima de R$ 6,00, que fortalece a competitividade do arroz brasileiro no cenário internacional. “A qualidade do produto nacional, já reconhecida globalmente, abre espaço para que as exportações desempenhem um papel crucial no ajuste entre oferta e demanda”, analisa. O especialista da Safras avalia que aproveitar estas oportunidades internacionais será essencial para manter a estabilidade nos preços internos e melhorar as margens em toda a cadeia produtiva.

A lavoura de arroz no RS

O cultivo de arroz no Rio Grande do Sul envolve cerca de 6 mil produtores e está presente em 205 dos 497 municípios gaúchos, responsáveis por geral cerca de 30 mil empregos diretos. O plantio do cereal é a principal atividade econômica de 50% dos municípios da Metade Sul do Estado e muitos dependem do retorno do ICMS [Imposto Sobre Circulação de Mercadorias] em função do arroz. A atividade é responsável por 1,5% a 2% do ICMS arrecadado no Estado.