A virada do mês de novembro para dezembro será marcada por chuvas fortes no Rio Grande do Sul. Ao longo dos próximos dias, um sistema de baixa pressão no norte da Argentina e do Paraguai e a aproximação de uma frente fria vão seguir influenciando o tempo e provocar chuva em todo o estado. A recorrência da chuva traz preocupação para a semeadura e estabelecimento inicial da safra de verão.
Desde segunda-feira (25), o estado registra instabilidade, com dias mais abafados e chuva, principalmente na Fronteira Oeste e parte da Campanha. Os maiores acumulados de chuva foram registrados em Uruguaiana, com 82,2 milímetros, de acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).
“Nesta quarta-feira (27), a gente já está tendo chuva na região da Fronteira Oeste. Então pode ser que essa chuva, no decorrer do dia, avance para demais regiões, mas as principais regiões vão ser a Fronteira Oeste e Noroeste do Rio Grande do Sul”, afirma a meteorologista do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), Jossana Cera.
Previsão do Tempo
As chuvas devem seguir amanhã (27), com o aumento das áreas e instabilidade em todas as regiões do estado. Os maiores acumulados devem se concentrar no norte do estado. A chuva deve dar uma trégua entre a sexta-feira (29) e o sábado (30), principalmente na metade Sul, com elevação das temperaturas, sol e tempo abafado.
A frente fria deve conseguir avançar pelo estado entre o domingo (1º) e a segunda-feira (02). “Com o choque dessas massas de ar quente e fria, a gente deve ter ocorrência de temporais, com chuva, ventos fortes, raios e eventual queda de granizo”, alerta Jossana. Os acumulados na segunda-feira (02) podem ficar, em média, entre 40 a 80 milímetros, podendo alcançar 100 milímetros em alguns pontos.
Para a próxima semana, os modelos meteorológicos indicam tempo seco na maior parte do estado a partir da terça-feira (03), mas com possibilidade de chuva entre a quinta (05) e a sexta-feira (06). Na segunda-feira (09), o estado deve ter novamente chuva forte, que deve seguir até a quinta-feira (12).
Preocupação
A recorrência e a intensidade das chuvas trazem preocupação para o agronegócio gaúcho. Grande parte das regiões do estado tem previsão de acumulados de chuva entre 150 e 300 milímetros nos próximos 15 dias. “É um volume alto para pouco espaço de tempo”, alerta a meteorologista.
Esses volumes não devem causar transtornos como as enchentes de maio, mas podem prejudicar a semeadura e o desenvolvimento da safra de verão. Até a quinta-feira (21), a semeadura da soja chegava a 50% da área prevista para o estado, de 6,8 milhões de hectares, enquanto a semeadura do arroz chega a 92% da área de 948,3 mil ha prevista, de acordo com dados da Emater/RS-Ascar e Irga. Apesar de mais avançada, a semeadura do arroz está em apenas 58,50% na região Central do estado, a mais atingida pela enchente.
“Por mais que uma lavoura, por exemplo, de soja seja plantada em sistema de plantio direto, quando a semeadora passa, acaba fazendo ranhuras no solo e se chover muito forte em seguida, vai acabar tendo lixiviação e perda de solo. […] Então por isso a preocupação em relação à alta frequência de chuvas e também ao volume muito alto que vem sendo previsto para esses próximos 15 dias. A gente vai seguir acompanhando essas previsões, mas fica aí o alerta para os produtores do Rio Grande do Sul”, ressalta Jossana.
A frequência das chuvas está associada à neutralidade climática e atraso do fenômeno La Niña. “A gente vem tendo passagens de frentes frias bem frequentes no estado, muito parecido com o período do verão. Na verdade, a primavera é chuvosa no estado, então estamos tendo essa frequência, eu diria, alta. O que estamos acostumado para um mês de novembro é ter períodos de tempo seco mais prolongados e não é o que a gente vem observando de fato”, avalia a meteorologista.
A probabilidade de ocorrência do fenômeno caiu para 57% no trimestre outubro/ novembro/dezembro, conforme última atualização da NOAA (Administração Oceânica e Atmosférica Nacional dos EUA). Caso a previsão se confirme, o La Niña deve ser de curta duração e mais fraco.