Economia

Faturamento com exportação do agro pode recuar pela primeira vez em cinco anos

Esse cenário está atrelado à queda, de 1%, no preço médio em dólar, tendo em vista que o volume escoado se mantém firme

De janeiro a setembro de 2024, o faturamento com as vendas externas do agronegócio soma quase US$ 126 bilhões | Foto: Banco de Imagens
De janeiro a setembro de 2024, o faturamento com as vendas externas do agronegócio soma quase US$ 126 bilhões | Foto: Banco de Imagens

Depois de avançar e renovar o recorde por quatro anos consecutivos – entre 2020 e 2023 – o faturamento em dólar com as exportações brasileiras de produtos do agronegócio pode terminar 2024 abaixo do ano anterior, conforme mostram pesquisas do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP, realizadas com base em dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), da Secretaria de Comércio Exterior (sistema Siscomex).

De janeiro a setembro de 2024, o faturamento com as vendas externas do agronegócio soma quase US$ 126 bilhões, sendo 1% inferior ao do mesmo período do ano anterior. Segundo pesquisadores do Cepea, esse cenário está atrelado à queda, de 1%, no preço médio em dólar, tendo em vista que o volume escoado se mantém firme, registrando pequeno avanço de 0,3% na parcial deste ano frente ao anterior.

Pesquisadores do Cepea destacam que, neste ano, chamam a atenção os aumentos nas quantidades escoadas de algodão em pluma (de expressivos 134%), de café (+42%), de açúcar (+35%) e carne bovina (+28%). Como de costume, a demanda da China, Europa e Estados Unidos por produtos brasileiros tem se mantido firme.

Expectativa para 2024

O faturamento em dólar com as exportações brasileiras do agronegócio deve fechar 2024 próximo do obtido em 2023, mas ainda fica a dúvida se o setor irá renovar mais uma vez o recorde, sobretudo devido às menores disponibilidade de soja e milho e ao menor preço pago em dólar.

Neste último caso, pesquisadores do Cepea indicam que o recuo nos valores em dólar nos últimos anos tem arrefecido, e, nos últimos meses, já se observa recuperação. Essa reação dos preços, sobretudo dos grãos, contudo, vai depender da oferta norte-americana para este e próximo anos e de outros fornecedores importantes, além do tamanho das próximas safras brasileira e argentina.

A taxa de câmbio nominal mais alta observada nos últimos meses deve favorecer o desempenho do setor agroexportador, tanto porque os produtos brasileiros ficam mais competitivos no mercado internacional, quanto por elevar o faturamento em Reais, quando da conversão das moedas. Assim, se o setor conseguir elevar levemente o desempenho do último trimestre de 2023, conseguirá, sim, superar o valor de US$ 166 bilhões em vendas ao exterior e alcançar novo recorde.

Fonte: Cepea