Mercado

Eleição de Trump nos EUA muda a dinâmica do mercado global de soja

A China já importou um total de 90 milhões de toneladas de soja em 2024 – 90% do recorde chinês, verificado em 2020

Campo de soja aberto ao pôr do sol.
A produção total da safra de soja dos EUA teve as estimativas reduzidas em 2,6% no último relatório WASDE, para 121,4 milhões de toneladas | Foto: Banco de imagens

A Hedgepoint Global Markets aborda, em análise, o cenário atual do mercado de soja, assim como as perspectivas para os próximos meses. O retorno do republicano Donald Trump à Casa Branca provocou expectativas globais, que se traduziram em um dólar fortalecido, saindo de 103,9 para 105,5 na semana da confirmação da vitória de Trump, de acordo com o Índice DXY.

“Com o movimento de alta da moeda norte-americana, os preços FOB dos produtos de origem brasileira se tornaram mais atraentes, tendo em vista o consequente enfraquecimento do Real. Há um mês, a soja FOB brasileira assumiu a dianteira como origem de menor preço, se comparado aos Estados Unidos e à Argentina”, diz Ignacio Espinola, analista sênior de Grãos da Hedgepoint.

China

Diante da eleição do republicano, a China estabeleceu uma estratégia que tenta evitar possíveis impactos de uma guerra comercial com os EUA. Neste ano, os chineses optaram por uma política de estoques, antecipando a demanda. Apenas em outubro deste ano, foram 8 milhões de toneladas importadas.

“Trata-se do maior volume em cinco anos, em um total de 90 milhões de toneladas de soja em 2024 – 90% do recorde chinês, em 2020, ano em que o país importou 100,3 milhões de toneladas. Para os próximos meses, até que se tenha clareza sobre a política comercial do novo governo americano, a tendência é que o ritmo seja mantido”, afirma o analista.

WASDE e América do Sul

A produção total da safra de soja dos EUA teve as estimativas reduzidas em 2,6% no último relatório WASDE, para 121,4 milhões de toneladas. Contudo, uma safra recorde ainda está em vista, à semelhança da safra de 2021, quando a produção alcançou 121,5 milhões de toneladas.

Para a América do Sul, não há alterações. Espera-se que a produção seja de 169 milhões de toneladas para o Brasil, e 51 milhões para a Argentina. Já a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), em relatório de novembro, indica um total de 166,1 milhões de toneladas.

“O Brasil já apresenta sinais de recuperação dos eventos climáticos ocorridos em outubro, com uma curva de progresso de plantio em 69%, acima do mesmo período no ano passado, quando apontava 57%”, destaca.

Fonte: Hedgepoint Global Markets