A colheita da cultura mais afetada pela falta de chuvas no Rio Grande do Sul, o milho, evoluiu para 42% das lavouras, “consolidando perdas ocasionadas pela estiagem ao longo do ciclo do cereal”. A constatação é do Informativo Conjuntural, divulgado nesta quinta-feira (03) pela Gerência de Planejamento da Emater/RS-Ascar, vinculada à Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (Seapdr). Além disso, a ocorrência de chuvas e diminuição das temperaturas amenizaram a situação da soja e do arroz, também afetados pelo déficit hídrico.
As precipitações da última semana permitiram a retomada da semeadura do milho, “especialmente em sucessão às lavouras de fumo ou em plantio escalonado, prática tradicional mais ao Sul do Estado”, conforme o documento. O plantio já foi realizado em 98% da área total estimada. “A reposição parcial de umidade nos solos, beneficiou igualmente as lavouras em estágios de desenvolvimento vegetativo (10%), florescimento (7%) e enchimento de grãos (20%), que totalizam 37% da área cultivada”. Por fim, os cultivos em maturação chegam a 21% e apresentam estimativa de redução na produtividade inicial.
Na regional de Passo Fundo, as perdas de produtividade são consideradas significativas e superam 60% da expectativa inicial. Metade da área está em fase de enchimento de grãos, 35% em maturação e 15% já estão colhidas. Já em Erechim, 60% da cultura foi colhida ou utilizada para silagem, fornecimento de forragem para animais ou gradeado para posterior ressemeadura.
Soja
As condições climáticas favoreceram o desenvolvimento da soja pelo aumento do teor de umidade do solo e redução das altas temperaturas, conforme a Emater. Desta forma, os produtores aproveitaram as condições mais favoráveis para realizar os tratos culturais. Com o plantio praticamente concluído, chegando a 99%, os cultivos avançam no ciclo e 22% já alcançaram a fase de enchimento de grãos, 43% estão em floração e 35% ainda estão em germinação e desenvolvimento vegetativo.
Nas regionais de Frederico Westphalen, Santa Maria, Pelotas e Passo Fundo, as perdas chegam a 38% em algumas localidades. Na última semana, as chuvas apresentaram volume variável e distribuição heterogênea, o que amenizou a situação. “No entanto, já ocorreram impactos nas plantas durante o desenvolvimento vegetativo, acarretando em lavouras com pequena área foliar, e que tiveram efeitos diretos na diminuição dos componentes de produção – número de vagens, de grãos por vagem e peso dos grãos”, relata o documento. Ainda assim, as chuvas contribuíram para redução do abortamento de vagens na fase inicial, logo após a floração. O calor e falta de umidade também ocasionaram a presença de tripes, exigindo monitoramento e controle.
Ferrugem asiática
O Informativo também atualiza o monitoramento da ferrugem asiática no estado. No período de 17 a 24 de janeiro, houve predominância de esporos nas regiões Central e Noroeste. “A detecção de esporos é um indicativo da presença do patógeno no ambiente, e nestes locais recomenda-se aos técnicos e aos produtores observância das condições climáticas para o manejo da ferrugem”, afirma a Emater-RS/Ascar. As condições consideradas ótimas de temperatura para o processo de infecção são entre 18°C e 25°C, umidade relativa do ar acima de 75% e, no mínimo, seis horas molhamento folhar. Já condições extremas de temperatura, abaixo de 10°C ou acima de 26°C, podem afetar a germinação dos esporos. Nessas condições, o período de molhamento requerido, é acima de 10 horas, conforme a entidade.
Arroz
Para o arroz, as condições também foram um pouco mais favoráveis. As temperaturas excessivas reduziram no momento que a cultura apresenta 58% da área em estágios reprodutivos: floração (36%) e enchimento de grãos (22%), enquanto que 5% da área já está em maturação e outros 37% ainda em germinação e desenvolvimento vegetativo. A ocorrência de chuvas, mesmo que mal distribuídas, proporcionou uma reposição parcial de mananciais, que já apresentavam dificuldades na irrigação em algumas regiões.
Mercado
O levantamento semanal de preços realizado pela Emater/RS-Ascar no Estado, identificou cotação média da saca com incremento de 3,76% em relação à da semana anterior, passando de R$ 178,02 para R$ 184,72. O produto disponível em Cruz Alta foi comercializado a R$ 192,00. “Na região de Santa Rosa, produtores que terão perda total das lavouras e que tem contratos de entrega de soja futura estão preocupados, uma vez que muitos não terão o produto, e há cláusulas penais leoninas para quem não entregar o produto físico contratado”, relata o Informativo.
O preço médio da saca de milho subiu 0,32% e passou de R$ 95,40 para R$ 95,71. Já o preço da saca de arroz sofreu elevação de 1,02%, chegando a R$ 62,51.
Com informações da Emater/RS-Ascar