Primeiro Levantamento

Conab estima produção de 326,9 milhões de toneladas de grãos na safra 2024/2025

A área plantada no país deve aumentar 2,2%, passando de 79,9 milhões de hectares na safra 2023/2024 para 81,4 milhões de hectares

Foto de grãos de soja sendo despejados em carreta.
A colheita da soja está estimada em cerca de 166,28 milhões de toneladas | Foto: CNA/Divulgação

A produção de grãos na temporada 2024/2025 tem potencial para atingir 326,9 milhões de toneladas, o que seria um novo recorde na série histórica. A primeira estimativa da nova safra foi divulgada hoje (17) na 12ª edição das Perspectivas para a Agropecuária, da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), em parceria com o Banco do Brasil (BB).

A área plantada no país deve aumentar 2,2%, passando de 79,9 milhões de hectares na safra 2023/2024 para 81,4 milhões de hectares, com destaque para o crescimento do arroz, feijão, soja e algodão. Caso a previsão de La Niña moderada se confirme no clima, a produtividade pode sair de 3,8 mil kg/ha para 4 mil kg/ha, aumento de cerca de 6%. Esses números impulsionam a estimativa de aumento da produção, com crescimento projetado em 8,17%, considerando o resultado de 302,2 milhões de toneladas na safra passada.

O Diretor de Política Agrícola e Informações da Conab, Silvio Porto, pontua que as estimativas se baseiam em dados históricos e que a estatal seguirá acompanhando a safra. Entre os desafios para a safra, é ressaltado o clima, considerando as mudanças climáticas e o aumento das temperaturas, que tornam a previsão climática mais incerta. A expectativa é de que a safra transcorra sob a influência do fenômeno La Niña com intensidade moderada. “Estamos vendo, possivelmente, um atraso no plantio novamente em função das chuvas que ainda não chegaram, não sabemos ainda se esse atraso será intenso ou se as chuvas serão muito irregulares”, afirma Porto.

Soja e Milho

A principal cultura, a soja, deve seguir ampliando a área plantada, podendo chegar a 47,4 milhões de hectares. O gerente de produtos agropecuários da Conab, Sergio Santos, destaca que há uma redução na tendência de crescimento da área de soja.

A produtividade da soja tende a apresentar recuperação, após problemas climáticos nos principais estados produtores brasileiros. A combinação de maior área e melhor desempenho nas lavouras resulta na projeção de uma colheita em torno de 166,28 milhões de toneladas, 12,82% superior à safra 2023/2024.

Segundo a Conab, esmo com a pressão baixista nos preços nacionais e os desafios de rentabilidade, a oleaginosa continua a ser uma cultura lucrativa e com alta liquidez. A crescente demanda global, impulsionada pelo aumento do esmagamento e pela expansão da produção de biocombustíveis, tanto no Brasil quanto internacionalmente, alimenta expectativas de crescimento nas exportações e no esmagamento interno.

Já para o milho, o cenário é de manutenção da área a ser cultivada. Apesar disso, a produtividade deve apresentar recuperação, o que contribui para uma expectativa de alta na produção, estimada em 119,8 milhões de toneladas. Mesmo com o crescimento na safra do cereal, as exportações estão projetadas em 34 milhões de toneladas no ciclo 2024/2025, queda de 5,6%, se comparada com as vendas da safra 2023/2024. No mercado interno, a demanda pelo grão deverá se manter aquecida, uma vez que o bom desempenho do mercado exportador de proteína animal deverá sustentar o consumo por milho, especialmente para composição de ração animal. Além disso, é esperado um aumento da procura do grão para produção de etanol, sendo estimado um crescimento de 17,3% para a produção do combustível produzido a partir do milho.

Arroz e Feijão

Arroz e feijão devem apresentar novo crescimento no volume a ser colhido no ciclo 2024/2025. A alta é influenciada pela ligeira recuperação na área plantada dos dois principais produtos de consumo dos brasileiros.

De acordo com a análise da Conab, a projeção é de um incremento na área destinada ao arroz na temporada 2024/2025 mais intenso do que o identificado na safra 2023/2024. Os preços e a rentabilidade da cultura encontram-se em um dos melhores patamares históricos para o produtor. Com isso, a perspectiva é de uma alta expressiva de 11,1% na área destinada para o grão, e uma produção que deve ficar em torno de 12,1 milhões de toneladas, recuperando o volume obtido na safra 2017/2018. Para a safra de 2024/2025, a perspectiva de maior disponibilidade interna do grão, aliada à demanda aquecida do mercado internacional pelo arroz brasileiro, e a projeção de arrefecimento dos preços internos, abre espaço para um possível aumento das exportações do produto, que podem chegar a 2,0 milhões de toneladas.

Dupla do arroz no prato dos brasileiros, o feijão também tende a apresentar aumento na área no próximo ciclo. Projeta-se um incremento de 1,2% em relação a 2023/2024. Como a produtividade das lavouras tende a apresentar ligeira queda, a colheita da leguminosa deverá se manter dentro de uma estabilidade próxima a 3,28 milhões de toneladas, a maior desde 2016/2017. Com isso, a produção segue ajustada à demanda e deverá continuar proporcionando boa rentabilidade ao produtor.

Algodão

A Conab também prevê um novo aumento para a área destinada à cultura do algodão, podendo chegar a 2 milhões de hectares, elevação de 3,2% em relação à safra 2023/2024. Na região do Matopiba, que engloba Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, é onde se espera o maior crescimento em termos proporcionais. Os produtores têm investido na fibra, uma vez que o produto apresenta boa rentabilidade em relação a outros grãos, grande facilidade de comercialização antecipada e excelente competitividade em termos de preço e de qualidade da pluma brasileira no mercado internacional. Esses fatores influenciam na expectativa de produção da temporada 2024/2025, quando se espera uma colheita de 3,68 milhões de toneladas apenas da pluma.

Abastecimento

“É uma safra cheia, uma safra robusta, capaz de assegurar o abastecimento interno e também a continuidade das exportações. Ela é capaz ainda de contribuir para o aumento da produção de carnes, que continua com a demanda bastante aquecida, tanto para consumo interno, quanto para exportações”, avalia o Superintendente de Gestão da Oferta da Conab, Wellington Teixeira.

Banco do Brasil

Pela primeira vez, a Perspectivas para a Agropecuária é realizada em parceria com o Banco do Brasil. Trata-se da materialização do início de parceria inédita firmada entre a Companhia e o Banco do Brasil, por meio de Acordo de Cooperação Técnica, que abrangerá atividades de pesquisa, de desenvolvimento, de treinamento, de intercâmbio de tecnologias e de metodologias, de produção de informações agropecuárias e de ações promocionais conjuntas em feiras e eventos estratégicos para as instituições. No trabalho, a instituição financeira abordou a importância do crédito rural como fomentador de uma agricultura que visa ao desenvolvimento dos negócios por meio de ações ambientais, sociais e de governança; de forma que haja adequação dos processos produtivos ao comportamento climático atual, diversificação da matriz energética, rastreabilidade, certificado de origem da produção, práticas conservacionistas, certificação, crédito para a recuperação ambiental, custeio anual ou que melhorem toda a gestão da atividade rural.

Com informações da Conab