A área de soja na safra 2024 dos Estados Unidos está estimada em 34,8 milhões de hectares, 3% maior do que no ano passado. Essa será a quinta maior área plantada de soja na história do país. O número foi atualizado hoje (28) pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA).
Ainda assim, o número é menor do que estimativa de plantio divulgada em março, de 35,01 milhões de hectares. O resultado também vai na contramão das expectativas do mercado, que esperava aumento de cerca de 100 mil hectares em relação ao total estimado em março.
A diminuição da área de soja está diretamente atrelada ao aumento da área de milho, que superou a estimativa de 36,02 milhões hectares e chegou a 37,02 milhões. “Fica muito claro que o produtor americano, que é um produtor de soja e de milho – as áreas competem entre si – optou por plantar mais milho. Tendo a janela aberta, tendo um clima favorável, ele optou, no fim das contas, por plantar mais milho”, avalia o consultor de mercado de soja da Safras & Mercado, Luiz Fernando G. Roque.
A diminuição da área irá impactar a estimativa de produção de soja no país, no entanto a expectativa ainda é de uma safra positiva nos Estados Unidos. “Apesar do corte na área, o mercado continua pressionado porque o clima tem sido favorável. Então, daqui para frente o mercado climático é que vai ditar os rumos do mercado em Chicago, pelo menos, até meados de setembro ou início de outubro”, destaca o analista.
De acordo com o relatório do USDA de segunda-feira (24), 97% da área americana de soja já foi plantada e 67% está em boas e excelentes condições. Na semana passada, o índice de qualidade era de 70%.
Estoques
O USDA também divulgou hoje dados de estoques de soja. Em junho, os estoques de soja nos Estados Unidos chegaram a 26,4 milhões de toneladas, 22% maiores do que no ano passado. Entre março e maio, foi registrada diminuição de 23,81 milhões de toneladas.
Ao contrário do que ocorreu com a área, o estoque ficou acima do que o mercado esperava para a soja norte-americana. “Ele ficou um pouco acima do que a gente estava esperando, mas não chega a surpreender, e não muda muita coisa no quadro de oferta e demanda americana”, ressalta Roque.
Mercado
Os números divulgados pelos relatórios do USDA acabaram compensando um ao outro. “A gente teve preços firmes hoje (28), até um pouco melhores do que ontem em algumas praças, com o câmbio trazendo realmente um suporte para o preço nesse momento, mesmo que Chicago demonstre fraqueza. Então a gente de alguma forma tem um ambiente positivo para o preço brasileiro. O preço até pode ter caído um pouquinho se comparar o preço de hoje com o início de junho ou meados de junho, mas ainda é um preço bem melhor do que no início do ano”, avalia o consultor.