por Felipe Fabbri – Scot Consultoria
A China é a quarta produtora de soja do mundo, mas o volume produzido está bem abaixo da produção no Brasil, Estados Unidos e a Argentina, que ocupam as primeiras colocações.
Segundo dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), a produção chinesa está estimada em 20,84 milhões de toneladas em 2023/24.
A China, entretanto, é a maior consumidora mundial do grão, com uma demanda estimada em 120,5 milhões de toneladas em 2023/24, o que a obriga a importar.
Os chineses são os maiores importadores do grão e, com isso, possuem papel importante na precificação da soja nos mercados internacional e brasileiro. O Brasil e os Estados Unidos são os maiores fornecedores para o país asiático.
Para a temporada atual (2023/24), as expectativas são de que a importação chinesa seja de 105 milhões de toneladas, o equivalente a 87,1% do consumo do país.
Veja na tabela 2, os principais parâmetros referentes ao mercado de soja na China.
Por essa dependência das importações e para diminuir os riscos de abastecimento e pressão sobre os preços no mercado local, os chineses trabalham com estoque do produto.
Esses estoques são importantes, principalmente em função do potencial de direcionamento quanto à demanda e as expectativas de mercado.
Observe na figura 1 que a relação entre os estoques finais e o consumo total, desde 2014, sempre esteve próximo de 20%. Mas, chegou em 27,5% em 2023 e, em 2024, deverá chegar ao seu maior patamar: 31,2%.
Considerações finais
Com os preços da soja brasileira em queda nas últimas duas temporadas, as importações chinesas do Brasil cresceram.
Em 2023, a exportação brasileira de soja em grão foi recorde e, em 2024, até o primeiro trimestre, o volume já é o maior da história para o período.
O aumento dos estoques chineses pode sustentar uma demanda na safra 2024/25 mais moderada, ponto de atenção aos produtores brasileiros, principalmente com as perspectivas de aumento de produção de soja no mercado norte-americano em 2024/25 e a perspectiva de estoques mundiais finais maiores.
Em um ano de preços baixos e custos elevados, a possibilidade de uma demanda mais moderada por parte de nosso principal cliente pode manter os preços distantes das máximas nas temporadas 2020/21 e 2021/22.
Acompanhar o mercado e aproveitar momentos de maior oportunidade, principalmente durante a semeadura da safra 2024/25 nos Estados Unidos, em função dos “mercados climáticos”, é importante e interessante para o produtor.
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Fonte: Scot Consultoria