Pragas

Monitoramento da cigarrinha-do-milho aponta risco alto para doenças do enfezamento vermelho e vírus-da-risca

O local com mais infestação foi Lages, com 118 insetos na armadilha

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A infectividade da cigarrinha está alta e há risco do patógeno ser viabilizado para a safra seguinte também é alto | Coamo/Divulgação

O Programade Monitoramento da cigarrinha-do-milho, conhecido como. “Monitora Milho SC” identificou uma incidência baixa de cigarrinhas-do-milho capturadas na semana de 26 de fevereiro a 4 de março. “Isso significa que o produtor adotou medidas de controle”, pondera Maria Cristina Canale Rappussi da Silva, pesquisadora da Epagri/Cepaf responsável pelas análises da infectividade dos insetos capturados. Contudo, os insetos analisados apresentaram potencial para infectar as plantas com as doenças do enfezamento vermelho e vírus-da-risca. 

Segundo Maria Cristina, a média de insetos coletados está em torno de 43%. Palmitos foi o local com menos insetos capturados na semana, num total de 11. O local com mais infestação foi Lages, com 118 insetos na armadilha.

“Atualmente a média de incidência de insetos na armadilha eu considero bem baixa, porque já esteve mais alta”, avalia Maria Cristina.

Ela ressalta uma diminuição de insetos coletados nas últimas três ou quatro semanas de monitoramento. Para a pesquisadora, isso indica que o agricultor pode estar fazendo algum manejo até a fase de oito a dez folhas da planta. 

Infectividade

O monitoramento realizado pelo Programa avalia a infectividade da cigarrinha-do-milho por três fitopatógenos: fitoplasma do enfezamento vermelho, espiroplasma do enfezamento pálido e o vírus-da-risca. Essas doenças são capazes de comprometer substancialmente as safras do grão. Na semana avaliada, o Programa identificou mais de 50% das amostras com o fitoplasma e de 80% a 90% com o vírus, enquanto que o espiroplasma não foi tão presente. 

“A infectividade do espiroplasma do enfezamento pálido não estava muito alta na semana de análise, o que é surpreendente, porque nos monitoramentos passados tivemos infectividade muito mais elevada do que nesta safra”, relata a pesquisadora.

Por outro lado, o fitoplasma do enfezamento vermelho, que sempre esteve presente, tem apresentando bastante prevalência de infectividade nos insetos avaliados. Maria Cristina alerta ainda que a infectividade de insetos com o vírus-da-risca tem aumentado substancialmente de seis ou sete semanas para cá.  

Expectativa de aumento de insetos e preocupação com milho guaxo

A equipe do monitoramento espera, a partir de agora, um aumento da incidência de insetos nas armadilhas. Isso porque o milho já entrou na fase reprodutiva e está alto, o que dificulta ao agricultor entrar na lavoura para fazer aplicação de inseticida. 

A isso, se soma outra preocupação. Como o milho já está adulto e enchendo os grãos, os  produtores já estão planejando a colheita. Diante da alta a infectividade de campo decorrente dos patógenos do enfezamento vermelho e do vírus-da-risca, o risco é haver perda de grãos durante a colheita e transporte da safra, o que pode dar origem ao milho voluntário, também conhecido como tiguera ou guaxo. 

Esse milho, que nasce espontaneamente a partir de sementes perdidas, pode se tornar o que os pesquisadores chamam de ponte verde, ou seja, um abrigo para cigarrinhas infectadas permanecerem vivas até a próxima safra. Isso aumentaria a possibilidade de a safra seguinte já começar com uma infectividade significativa, a ponto de já provocar uma epidemia. Para evitar essa situação, Maria Cristina reforça o alerta ao agricultores, para que evitem ao máximo perda de grãos na colheita e transporte. 

O monitoramento da cigarrinha-de-milho em Santa Catarina segue até o final de abril em dez pontos: Águas de Chapecó, Água Doce, Campo Erê, Caxambu do Sul, Guatambu, Faxinal dos Guedes, Lages, Palmitos, Videira e Canoinhas.   

Programa Monitora Milho SC 

No início de 2021 foi criado o Comitê de Ação Contra a Cigarrinha-do-milho e Complexo de Enfezamentos, reunindo membros das seguintes instituições: Epagri, Udesc, Cidasc, Ocesc, Fetaesc, Faesc, CropLife Brasil e Secretaria de Estado da Agricultura e Pecuária. Esse comitê implantou o Programa Monitora Milho SC, com o objetivo de acompanhar as populações e a infectividade da cigarrinha-do-milho no Estado, por meio de pontos de monitoramento instalados em lavouras catarinenses.

As informações geradas pelo Programa Monitora Milho SC ajudam agricultores e técnicos a tomar decisões sobre o manejo e verificar a eficiência das estratégias adotadas. Dentro das propriedades, a Epagri orienta sobre medidas de controle, como escolha de variedades de milho tolerantes aos enfezamentos, uso de sementes tratadas e redução da janela de semeadura. Outra ação importante é a campanha para a eliminação do milho voluntário.

Aplicativo

Na batalha contra a cigarrinha-do-milho a Epagri ainda disponibilizou o Aplicativo Monitora Milho SC, disponível para download gratuito em celulares que usam o sistema operacional Android. A ferramenta dá acesso a um mapa de Santa Catarina com os pontos onde são realizados os monitoramentos das lavouras. Nessa área, é possível observar o nível populacional da cigarrinha-do-milho em diferentes regiões catarinenses. 

O aplicativo permite também acessar uma tabela com informações sobre os municípios, com recomendações de manejo baseadas nos valores apresentados em cada local. A ferramenta traz a evolução da infectividade das amostras, com informações atualizadas sobre as lavouras monitoradas em diferentes municípios catarinenses.