O Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) está tomando medidas firmes para revisar o protocolo sanitário que permitiu a entrada de um lote de tilápia importada do Vietnã no Brasil, em dezembro de 2023. A decisão foi anunciada após uma reunião realizada ontem, 31 de janeiro, com a participação dos ministros Carlos Fávaro e do ministro da Pesca e Aquicultura, André de Paula, além de representantes da Associação Brasileira da Piscicultura (Peixe BR) e membros do Comitê de Sanidade da Peixe BR.
A reunião foi convocada a pedido da Peixe BR, que expressou preocupações sobre o risco sanitário relacionado à introdução no Brasil do TILV, um vírus presente no Vietnã e associado a graves danos à produção de tilápia em outros países. O presidente da Peixe BR, Francisco Medeiros, enfatizou a importância da tilápia na cadeia produtiva brasileira, que sustenta mais de 230 mil estabelecimentos rurais e cerca de 1 milhão de empregos. “Acompanhamos com muita preocupação os pesados prejuízos do TILV em outros países. A tilápia é o nosso mais importante peixe de cultivo e a entrada desse vírus no Brasil seria desastroso para a cadeia produtiva, que conta com mais 230. mil estabelecimentos rurais que criam peixes – expressiva maioria de pequeno porte – e 1 milhão de empregos”, diz Francisco Medeiros.
Uma das principais preocupações levantadas pela Peixe BR foi a falta de análise detalhada do lote importado nos portos de entrada, sendo este o primeiro lote de tilápia importada em muitos anos. Além disso, a entidade alertou sobre o uso de polifosfato no Vietnã para aumentar artificialmente o peso dos filés de tilápia, uma prática condenada pelo Brasil.
Os ministros Carlos Fávaro e André de Paula reconheceram a gravidade da situação e se comprometeram com a revisão do protocolo sanitário de importação de peixes. Eles também informaram sobre as negociações em andamento para um amplo acordo comercial com o Vietnã, incluindo uma missão agendada para março, com a participação de empresários do agronegócio.
O presidente da Peixe BR enfatizou que o Brasil não depende da importação de tilápia para atender à demanda interna, sendo o 4º maior produtor mundial da espécie. A produção nacional continua a crescer graças aos investimentos contínuos dos piscicultores e da indústria. Somos o 4º maior produtor mundial e nossa produção aumenta ano após ano devido ao investimento dos piscicultores e da indústria de genética, nutrição, sanidade e equipamentos”, ressalta o presidente da Associação Brasileira da Piscicultura.