Primeira auditoria, desenvolvida com produtores que atuam em áreas da empresa Klabin, comprovou o cumprimento de critérios sociais e ambientais
A crise climática e o uso de agrotóxicos estão resultando na morte de milhões de abelhas todos os anos, gerando impactos ao meio ambiente e para a própria economia, já que as abelhas são parte fundamental na polinização para a agricultura. Somente em Santa Catarina, mais de 50 milhões de abelhas morreram no ano de 2019. Mas é de Santa Catarina que surge uma boa notícia para as abelhas, os ecossistemas e o sistema produtivo: o Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora) acaba de criar uma verificação de critérios socioambientais para a produção de mel.
O padrão criado pelo Imaflora leva em consideração critérios sociais e ambientais, avaliados tanto no manejo e produção, quanto na cadeia de custódia do produto. A ideia surgiu a partir do fomento da Klabin S/A para a criação e posterior busca por certificação ambiental da Associação dos Apicultores do Planalto Serrano Catarinense que, produz mel em áreas de floresta nativa conservadas da Companhia representadas por mais de 136 mil ha, de florestas, contando com 1,1 ha de floresta nativa para cada hectare de floresta plantada no estado catarinense. A associação reúne atualmente 18 integrantes, que produzem 102 toneladas de mel por ano. Durante 2020 e 2021, a Associação foi orientada, com patrocínio da Klabin e apoio da Sumatra – Inteligência Ambiental, a se preparar para receber as avaliações do Imaflora verificando critérios socioambientais junto aos produtores.
“A associação acaba de passar pela primeira auditoria de campo e, com isso, poderão utilizar o selo de mel verificado com a marca Imaflora. A verificação leva em consideração diversos aspectos sociais e ambientais, como o raio médio de voo das abelhas, para se ter a rastreabilidade e comprovação de que o mel foi produzido naquela localidade, o controle de caixas de abelhas por hectare, para que se tenha uma produção condizente com a população de abelhas, boas práticas como a não utilização de fogo, o não uso de químicos, e práticas de uso de roupas e equipamentos de proteção”, explica Ricardo Camargo, Coordenador de Certificação Florestal do Imaflora.
O padrão tem inspiração nos indicadores já existentes, bem como em sugestões da equipe técnica Internacional do FSC® – Forest Stewardship Council® e em outros indicadores específicos para produtos florestais não madeireiros adotados no passado para este tipo de verificação.
O selo está disponível para produtores com atuação em áreas de empresas que já contam com a certificação FSC, inclusive em florestas nativas. “O Imaflora tem em torno de 40% da área certificada de remanescentes florestais, principalmente de Mata Atlântica, então existe um potencial de que ela ganhe escala e seja aplicada em outros locais”, afirma Ricardo.
Com a produção de mel em suas áreas, as empresas contribuem para a geração de renda das comunidades, além de prover serviços ecossistêmicos. “Acreditamos que o padrão irá agregar valor ao mel produzido pela Associação, contribuindo ainda mais para que possam expandir seu mercado, além de mantermos nossas ações socioambientais alinhadas com os nossos KODS – Objetivos Klabin para o Desenvolvimento Sustentável, afirma Mireli Pitz, bióloga e Consultora de Sustentabilidade da Klabin.
A produção de mel envolve mais de 20 municípios da região do planalto serrano em Santa Catarina. Além do benefício social para as comunidades, ela destaca as vantagens para todo o ecossistema: “O impacto ambiental positivo promovido pela polinização que as abelhas fazem nas áreas nativas garante a qualidade ambiental dessas espécies. É o que garante que esses frutos nativos frutifiquem para a alimentação de outros animais, contribuindo para o equilíbrio ambiental de toda a cadeia”, explica a bióloga.
José Ademir Vargas é o presidente da Associação dos Apicultores do Plantalto Serrano Catarinense. Com sede no município de Otacílio Costa, a associação foi criada em 2018, reunindo os apicultores que atuavam em áreas florestais de Reserva Legal da Klabin. Ele conta que grande parte da produção é exportada, “cerca de 95%, principalmente para a Alemanha”. Antes da criação do novo selo do Imaflora, alguns dos produtores já possuíam o selo de produto orgânico, e a própria certificação FSC® da Klabin contribui para a atividade, explica Ademir: “Eles têm boas práticas de manejo, livre de agrotóxicos e outros poluentes, e a abelha percorre a área da Klabin”. Ademir espera que o selo possa contribuir para agregar valor ao mel produzido pelos associados, que ajude a aumentar a conscientização dos consumidores para aspectos de sustentabilidade e proteção do meio ambiente na hora da compra, e que mais produtores possam adotar as boas práticas exigidas pela auditoria.