Agricultura

Pressão por Aprovação Rápida do Acordo UE-Mercosul: Entidades se Mobilizam

Um total de 23 entidades comerciais manifestaram o desejo de obter a aprovação rápida do acordo de livre comércio entre a União Europeia (UE) e o Mercosul. Este acordo facilitaria a exportação de produtos agroalimentares da UE para a Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai, e vice-versa, abrangendo desde vinhos até queijos.

Atualmente, diversos produtos agroalimentares europeus enfrentam tarifas elevadas ao serem exportados para os países do Mercosul, resultando em perda de oportunidades comerciais para os produtores de ambas as regiões. Apesar de os termos do acordo terem sido acordados em 2019, sua ratificação foi suspensa pelo Parlamento Europeu após resistência de sindicatos, ONGs e grupos ambientais.

Em dezembro de 2023, houve uma tentativa de assinatura do acordo no Rio de Janeiro, mas o presidente francês Emmanuel Macron expressou preocupações quanto às garantias ambientais insuficientes, especialmente em relação ao desmatamento e à sustentabilidade.

A controvérsia em torno do acordo persiste, com críticas também por parte do Ombudsman Europeu, que questionou a Comissão por não concluir uma avaliação de sustentabilidade. As eurodeputadas verdes Saskia Bricmont e Anna Cavezzini argumentaram que o acordo representaria um retrocesso para o meio ambiente, alegando que aumentaria o desmatamento em ecossistemas cruciais como a Amazônia.

Apesar das divergências, as oportunidades comerciais que o acordo oferece são consideráveis, especialmente na liberalização do mercado para produtos agroalimentares. Setores como o comércio de bebidas alcoólicas, que atualmente enfrenta tarifas de 20 a 35%, poderiam se beneficiar da isenção de cotas e tarifas para produtos como azeite de oliva, vinho e chocolates.

Os produtores de lácteos europeus, enfrentando tarifas de 28% para queijo e leite em pó e 18% para fórmulas infantis, poderiam se beneficiar de cotas de direito zero, facilitando o comércio com os países do Mercosul.

Uma carta aberta, assinada por entidades como a Associação Europeia de Laticínios, spiritsEUROPE, CAOBISCO, e outras 19, destaca que o acordo reduziria a burocracia e abriria o mercado do Mercosul, com mais de 270 milhões de consumidores, para os produtores da UE. Os signatários enfatizam as oportunidades econômicas, sociais e geopolíticas, instando os líderes políticos a ratificar o acordo sem mais demora.

Além disso, ressaltam que o acordo oferece incentivos para a colaboração na promoção do desenvolvimento sustentável, incluindo a interrupção do desmatamento ilegal. As organizações comerciais destacam a importância geopolítica do acordo, que poderia fortalecer os laços entre as empresas sul-americanas e a China, principal parceiro comercial do Mercosul.

A entrada em vigor do acordo UE-Mercosul é vista como crucial para impulsionar a integração econômica e diversificar as cadeias de valor, contribuindo para a competitividade e a prosperidade dos setores voltados para a exportação na Europa