Em entrevista ao Destaque Rural, o presidente da Câmara Setorial de Máquinas e Implementos Agrícolas da ABIMAQ – CSMIA, Pedro Estevão Bastos, explica que o setor aguarda os impactados do El Niño na produtividade das lavouras de verão do ciclo 2023/24, e que devem ser contabilizados em março deste ano, entretanto a tendência é de manutenção de um mercado estável.
Em 2020, com a pandemia de Covid-19, a cadeia de suprimentos de matérias-primas e componentes para máquinas agrícolas foi seriamente afetada. “Fábricas no mundo inteiro ficaram com a produção comprometida e os transportes entre nações também foram afetados.” afirma Bastos.
Enquanto a produção de máquinas ficava comprometida, a exportação de commodities teve um aumento expressivo devido à demanda mais apertada e a cotações do dólar no Brasil que saltaram 30% em média. “Esta valorização das commodities agrícolas trouxe maior rentabilidade para os agricultores, que levou a uma maior demanda de máquinas agrícolas. Em 2020, o faturamento do setor aumentou em 17,7%.”
O faturamento cresceu em 2021, 42,5%, e manteve uma alta demanda por máquinas agrícolas, entretanto os problemas de produção continuaram, principalmente com o aço e derivados, plásticos e circuitos eletrônicos.
Atualmente não temos problemas de abastecimento de matérias-primas e componentes, pois todos os problemas foram sanados em 2022. Entretanto, o mercado em 2023 foi menor, com retração de 20,8% no faturamento do setor devido aos juros altos nos financiamentos e preços das commodities em baixa.
“Em 2024, esperamos um mercado estável, com viés negativo a depender do impacto do El Niño na produtividade das lavouras de verão do ciclo 2023/24, que devemos contabilizar no final de março/2024.”