2023 é ano de “safra cheia e bolso vazio”

O diretor técnico elencou alguns dados, como o PIB agropecuário que deve crescer 14.5% esse ano. Porém, para 2024 o mesmo índice deve ficar em 1,5%. Já os empregos no campo devem seguir crescendo, com índice de 1% esse ano.

Quando se considera as receitas, o PIB do Agronegócio vai ficar em – 0,94 % neste ano e entre -2% e 0 % para 2024.

A safra 23/24 é estimada entre 149,8 milhões de toneladas e 163 mi de ton para a soja e entre 119,1 e 129 mi de ton, para o milho segundo levantamento da CNA. Não há como afirmar um número agora porque os fatores climáticos vão influenciar, nos meses de   dezembro e janeiro, avalia o diretor técnico.

Na questão fiscal, a alíquota da reforma tributária, vai prejudicar o setor e em função disso a CNA deve articular com a Frente Parlamentar da Agropecuária a supressão de artigos que precisam ser revistos, afim de evitar o aumento da carga tributária.

Perspectivas

Questões geopolíticas (conflitos internacionais) e climáticas devem influenciar na safra 2024.

O El Niño deve seguir nos meses de janeiro e dezembro. Houve atrasos no plantio, por falta de chuva no centro oeste e norte do país. Plantas foram cozinhadas no solo, inclusive e ainda o replantio da soja.

Os prejuízos como clima podem ser amenizados com uma política mais robusta para seguro rural em 2024. O cálculo é que seria necessário aporte de R$ 3 bi para proteger o produtor das variações climáticas.

Os preços dos grãos devem se manter estáveis em 2024. Pode haver reação no milho, porque  há expectativa de redução de área. Já o  arroz deve ter o maior crescimento de preço ao produtor para a safra 23/24. “Vamos exportar mais arroz, em função disso preços devem melhorar”, aponta Bruno.

Exportações 23

A diretora de relações Internacionais Sueme Mori, destaca que o crescimento das exportações deve ser de 3%.

Entre os fatores apontados estão a participação maior da China que passou de 33 para 37%. Ainda com a quebra de safra na Argentina, os produtos brasileiros também tiveram maior demanda no mercado internacional. Outro fator que influenciou nesse índice foi a abertura de 73 novos mercados.

Até outubro, o agro já responde por 49,4% das exportações totais brasileiras, o equivalente a 140 bi de dólares. E o ano deve fechar com 164 bi de dólares em exportações.

Entre as principais variações de produtos exportados estão a soja ( +10,7%), açúcar (+31,7%) e milho(+ 31,7%) , com maior presença e uma redução no café (- 16,3%) e na carne bovina in natura (-25%).

Ainda na coletiva, o presidente da CNA, João Martins apontou que o agro deve se manter livre de influências políticas, ao se referir ao governo federal.

Geopolítica

Algumas perspectivas podem afetar o mercado no período 23/24.

O conflito na faixa de Gaza, ainda não gera impactos econômicos no agro, mas para 2024 pode afetar as rotas marítimas e dificultar o acesso a combustíveis se outros países do Oriente Médio se envolver nesse conflito.

O aumento de países no bloco dos BRICs (inicialmente composto por Brasil, Rússia, Índia e China) e a eleição americana podem influenciar o mercado. No Mercosul, a eleição de Milei na Argentina acalmaram os mercados, uma vez que o governo sinaliza que permanece no Mercosul e não deve aderir aos BRICs.

No acordo Mercosul – União Européia, a CNA defende que o acesso real dos produtos brasileiros, como soja e café, deve ser garantido.