Segue a colheita das culturas de inverno no Rio Grande do Sul, com atenção especial ao trigo, cuja colheita evoluiu para 19% da área cultivada, que é de 1.505.704 hectares nesta safra 2023. As demais fases da cultura do trigo se encontram em 47% em maturação, 30% em enchimento de grãos e 4% em floração. De acordo com o Informativo Conjuntura, divulgado nesta quinta-feira (19/10) pela Emater/RS-Ascar, vinculada à Secretaria Estadual de Desenvolvimento Rural (SDR). Os avanços foram mais notáveis na região Oeste do Estado, onde uma parcela reduzida dos produtores já concluiu a colheita ou está prestes a finalizar. Contudo, na região Leste, a maioria das lavouras está em fase de maturação devido ao plantio tardio, e a colheita ainda não foi iniciada. Os resultados obtidos nas áreas em colheita indicam a redução na produtividade inicial, a ser estimada à medida que a operação evoluir, pois há resultados diversos, mesmo dentro de uma mesma região.
Na aveia branca, houve avanço na colheita. Em razão da qualidade do produto obtido, há um aumento na comercialização direta para criadores e armazenamento nas propriedades, resultando em queda significativa no preço médio em função da qualidade inferior do produto destinado à alimentação animal. Na região administrativa da Emater/RS-Ascar de Ijuí, a colheita alcançou 60% da área. A produtividade encontra-se dentro das expectativas, embora abaixo das projeções iniciais, e a média aproximada é de 2.100 kg/ha, variando conforme o investimento realizado nas lavouras. O preço médio na região é de R$ 45,00/sc. de 60 kg.
A colheita da cevada também está em andamento. Os efeitos da primavera chuvosa estão influenciando negativamente a produtividade e a qualidade do produto colhido. Na região administrativa da Emater/RS-Ascar de Erechim, onde estão cultivados 13.865 hectares, as perdas estão estimadas em 30%. A redução na qualidade também provocou a redução do preço para indústria de malte, o que levou à diminuição na cotação para R$ 73,00/sc. de 60 kg. Na de Soledade, a situação das lavouras de cevada é altamente variável. Algumas áreas bem manejadas demonstram bom desempenho produtivo e qualidade do grão. Porém, a maioria das áreas apresenta deficiências nos manejos fitossanitários, combinadas com chuvas excessivas, o que compromete a qualidade do grão, refletindo em poder germinativo abaixo de 95%, que é o mínimo necessário para a produção de malte. Essa cevada será destinada à formulação de ração. Atualmente, a maioria das lavouras encontra-se em fase de maturação, e a colheita atinge apenas 2%.
A colheita da canola avança rapidamente, sendo a principal prioridade dos produtores. Mesmo com uma área relativamente pequena, a alta disponibilidade de máquinas para a colheita contribui para o progresso eficaz da operação. Na região administrativa da Emater/RS-Ascar de Ijuí, a colheita alcançou 37% da área projetada. A produtividade é considerada satisfatória, com médias entre 1.800 e 1.950 kg/ha. Em algumas das melhores lavouras, a produção atinge picos de 2.400 kg/ha. Contudo, esses números representam uma redução em relação às expectativas iniciais devido aos danos causados pelas geadas nas partes mais baixas, que estão se tornando evidentes durante a colheita e diminuindo a produtividade média da área total.
CULTURAS DE VERÃO
O excesso de chuvas e a atenção voltada para a colheita das culturas de inverno tem atrasado o plantio da soja no Rio Grande do Sul. Conforme o Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc), o período recomendado para a semeadura da soja no Estado iniciou em 01/10 e se estende até janeiro de 2024, podendo encerrar no dia 28/01, dependendo das diferenças regionais. de maneira geral, as previsões meteorológicas indicam a ocorrência de chuvas acima da média ao longo de todo o ciclo da cultura, influenciadas pelos efeitos do El Niño. Esse cenário contribui para uma abordagem mais cautelosa no início da operação, e os produtores aguardam um momento mais apropriado para realizar o plantio da soja. A estimativa inicial para a safra 2023/2024 é de 6.745.112 hectares implantados, com perspectiva de produtividade de 3.327 kg/ha.
Na região administrativa da Emater/RS-Ascar de Bagé, em Dom Pedrito, que deverá deter a maior área de cultivo de soja do Estado, com 160 mil hectares previstos, apenas 2% das lavouras foram semeadas até o momento. A perspectiva de chuvas acima da média, ao longo de todo o ciclo da cultura, reduz a necessidade de iniciar o plantio, pois as áreas semeadas até o final de novembro não devem sofrer prejuízos significativos em seu potencial produtivo. Na de Caxias do Sul, as áreas estão sendo preparadas para o início da semeadura, que se dará apenas no final de outubro.
Na de Pelotas, nas áreas onde a dessecação foi concluída, realizaram-se as primeiras semeaduras, especialmente nas áreas bem drenadas, situadas em relevos ondulados, que permitem o tráfego de máquinas e de implementos. No entanto, o percentual de plantio ainda não atinge 1% da área planejada. Também não atinge 1% a semeadura da soja na região de Santa Maria, que iniciou em Tupanciretã, Santa Maria, Santiago e municípios do Vale do Jaguari.
No milho, o plantio avançou nas diversas regiões produtoras, atingindo 70% da área projetada. A maioria das lavouras encontra-se em germinação e desenvolvimento vegetativo (99%), enquanto 1% já ingressaram no período reprodutivo. A semana foi marcada por maior incidência de luz solar, favorecendo o rápido crescimento e o desenvolvimento vigoroso das plantas. Muitos produtores aproveitaram o período para aplicar fertilizantes nitrogenados nas áreas tecnicamente apropriadas e para realizar a aplicação de herbicidas, visando ao controle de ervas daninhas.
Na região administrativa da Emater/RS-Ascar de Passo Fundo, 90% das áreas destinadas ao milho já foram semeadas, e a cultura está em fase de germinação e de desenvolvimento vegetativo. Nas regiões de Santa Maria e de Santa Rosa, o plantio prosseguiu; 98% das lavouras estão em estágio de germinação e de desenvolvimento vegetativo e 2%, iniciando a fase de floração. As lavouras de milho apresentam excelente estado visual, com estande de plantas uniforme e desenvolvimento vegetativo vigoroso, caracterizado pela coloração verde intensa.
Milho silagem – Na região administrativa da Emater/RS-Ascar de Bagé, na Campanha, os produtores de leite de Hulha Negra realizaram o plantio das primeiras lavouras de milho destinadas à produção de silagem. A queda nas temperaturas deve implicar em menor velocidade de germinação e uniformidade na emergência das lavouras, bem como na redução dos níveis de umidade da camada superior do solo, que têm potencial para dificultar o estabelecimento das plantas devido à formação de uma crosta superficial endurecida.
Feijão 1ª safra – As lavouras estão em processo de implantação, e a semeadura está prestes a ser finalizada no Planalto Médio, apresentando índices menores nas regiões Central e Sul do Estado. Nas áreas dos Campos de Cima da Serra, a semeadura deverá iniciar somente em dezembro. Na região administrativa da Emater/RS-Ascar de Ijuí, o plantio já alcançou 95% da área prevista para o primeiro cultivo. As lavouras apresentam bom desenvolvimento, e os produtores planejam concluir a semeadura antes de iniciar o plantio da soja. Até o momento, o controle de ervas daninhas foi satisfatório, e a incidência de pragas e doenças tem sido baixa, não necessitando de medidas de controle.
Arroz – Na cultura, registrou-se significativo incremento na área semeada, beneficiado pelas condições ambientais favoráveis, como a ausência de chuvas e a ocorrência de dias ensolarados na Região Sul e Campanha, tornando os solos propícios para a prática do plantio. Na região administrativa da Emater/RS-Ascar de Pelotas, a semeadura prossegue. Houve redução significativa do excesso de umidade nos talhões, favorecida pela ausência de precipitações. Com a umidade próxima do ideal, houve avanço rápido, e o índice de lavouras semeadas se aproxima de 50% da área estimada. No entanto, ainda há uma defasagem em relação ao ano anterior, quando já haviam sido implantados 65% da safra no mesmo período.
OLERÍCOLAS E FRUTÍCOLAS
Na região de Porto Alegre, a situação de mercado da cadeia produtiva das olerícolas folhosas confirma a tendência de falta de oferta de produtos. As chuvas intensas da última semana afetaram a qualidade da alface colhida e o tempo de pós-colheita, além de eventuais perdas. O produto colhido deixa a desejar em relação a seu aspecto comercial. Outras folhosas, como brócolis e couve-flor em fase de pré-colheita, foram afetadas por podridões, que inviabilizam a comercialização desses produtos.
Melancia – Na região administrativa da Emater/RS-Ascar de Porto Alegre, avançam os plantios da melancia na Região Metropolitana, e o momento é de implantação das lavouras do período médio, cuja expectativa de área plantada é de aumento de 30% em relação à última safra, em razão, principalmente, da queda do preço de insumos. O ritmo de implantação aumentou, pois houve redução da umidade do solo, viabilizando o seu preparo. Os plantios têm avançado para regiões mais ao sul do território de cultivo da região.
Uva – Na região administrativa da Emater/RS-Ascar de Caxias do Sul, embora os fatores climáticos tenham sido, por um longo tempo, adversos para o bom desenvolvimento da cultura, em razão do baixo acúmulo de horas de frio, das temperaturas máximas bem acima da média histórica e de uma primavera bastante chuvosa, com vários dias sem radiação solar direta, pode-se afirmar que os videirais apresentam brotação satisfatória, número de cachos acima da média e ótima sanidade do dossel vegetativo até o momento. Os viticultores têm sido surpreendidos e, ao mesmo tempo, estão preocupados com a mortandade de plantas em reboleiras, predominantemente as jovens das cultivares Niágara e Bordô, assim como aconteceu na safra de 2015/2016, quando também ocorreu o fenômeno El Niño com altas pluviosidades. Em função dessas condições climáticas, os viticultores estão redobrando os cuidados em relação a fitopatias, reforçando os tratamentos fitossanitários, o que impacta diretamente no custo de produção. Outras práticas culturais efetuadas foram a adubação em cobertura, o manejo mecânico/químico das plantas introduzidas ou nativas e a poda verde. As variedades superprecoces, como Vênus, e as cultivadas em locais de mesoclimas mais quentes já se encontram na fase fenológica de grão ervilha. A cultivar Niágara estão em plena florada, e a Bordô em início de florescimento.
Fonte: Emater