Clima

La Niña provoca chuvas irregulares no sul do RS

O agrometereologista da Rural Clima alerta para chuvas irregulares no sul do Rio Grande do Sul, Uruguai e na Argentina.

Alerta agroclimático
Santos alerta para chuvas recorrentes no Mato Grosso, Goiás e Minas Gerais que já provocam efeitos negativos sobre as lavouras de soja.

Nessa sexta-feira (19), algumas áreas de instabilidades mantêm um corredor de umidade sobre grande parte da região central do Brasil. “O tempo fica fechado em grande parte das regiões de Rondônia, Mato Grosso, Goiás, São Paulo, Minas Gerais”, informa o agrometereologista da Rural Clima, Marco Antônio dos Santos.

No Sul do país e no Paraguai o tempo fica aberto. “Paraguai, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul recebem pouquíssimas chuvas; assim como em algumas áreas do oeste da Bahia, Piauí, Maranhão ficam sem chuvas”, ressalta.

No entanto, esse sistema deve avançar para o norte da região sudeste, a partir de amanhã (20). “Novas áreas de instabilidades deixam o tempo ainda mais instável e com chuvas a qualquer hora do dia. E então, chove em grande parte do sudeste, centro-oeste, em toda a faixa leste de Santa Catarina e Paraná; assim como no litoral nordestino, que é normal para essa época do ano”, explica o especialista.

Andamento das lavouras

No domingo (21), essa frente fria começa a trazer chuvas para as regiões produtoras do oeste da Bahia, Tocantins e sul do Piauí. “Se as condições, nesse momento, estão favoráveis ao plantio em todas regiões do Matopiba, a partir de segunda (22) volta a chover de forma generalizada; atrapalhando o andamento do plantio da nova safra de soja”, salienta.

“Já essas chuvas em São Paulo e na metade sul de Minas Gerais, Rio de Janeiro, Espírito Santo, favorecem as lavouras de cana-de-açúcar, café, citros, entre outras culturas perenes; por conta da elevação dos níveis de umidade no solo”, complementa Santos.

As chuvas recorrentes no Mato Grosso, Goiás e Minas Gerais já provocam efeitos negativos sobre as lavouras de soja. “Esse excesso de dias chuvosos, que já vem ocorrendo a algumas semanas, e as previsões de mais chuvas, está trazendo muita preocupação aos produtores. Isto pois, as plantas de soja estão entrando em um processo de amarelecimento por conta da baixa taxa de luminosidade”, informa.

“Muitas lavouras, principalmente as precoces e superprecoces, já começam a apresentar reduções no seu potencial produtivo, como o abortamento dos botões florais. Preocupações com relação a doenças e ervas daninhas, isso porque essas chuvas vêm impossibilitando a entrada dos produtores no campo; então a pressão de doenças vem aumentando, por conta do ambiente extremamente úmido e temperaturas um pouco mais baixas”, acrescenta o agrometereologista,

Previsão para a próxima semana

De quarta-feira (24) a domingo (28), Santos alerta para um excesso de chuvas em grande parte do Brasil. “Entre os dias 24 e 25, áreas de instabilidades podem trazer chuvas generalizadas de novo ao Rio Grande do Sul. Os próximos 15 dias ainda serão marcados por muita chuva toda a região central do Brasil. Ou seja, de Santa Catarina até Paragominas no Pará, muita chuva, muitos problemas por conta do excesso de chuvas”, explica.

La Niña

No sul do Rio Grande do Sul, no Uruguai e na Argentina, as chuvas devem permanecer irregulares por conta da La Niña. “As águas do pacífico estão frias em toda a sua extensão, e principalmente a região 1+2, o que tira a pressão de chuvas. Há relatos de que a distribuição e o volume das chuvas desse mês de novembro, está muito parecido com o mesmo período de 2020; e realmente está por conta da La Niña”, aponta Santos

Porém, o agrometereologista afirma que o pico da La Niña, provavelmente, já ocorreu. “A partir de agora cada queda de temperatura provocada pela La Niña será menor que a anterior, o que é muito bom. Mas, provavelmente, o Rio Grande do Sul terá quebras novamente na safra do milho verão, infelizmente; porém uma condição, provavelmente, um pouco melhor para a soja”, frisa.

Os meses de novembro e dezembro serão marcados por chuvas irregulares no sul do estado gaúcho. “As águas do Atlântico estão quentes, o que favorece a entrada das frentes. Porém, na região sudeste às águas estão frias, fazendo com que a maioria das frentes frias se forme no Paraguai, e ao atravessar o Brasil, as precipitações dificilmente chegam ao sul do Rio Grande do Sul, no Uruguai e na Argentina”, conclui.

“É importante frisar que haverá chuvas, não é uma ausência. Ainda assim, essa irregularidade nas chuvas pode causar problemas sérios, principalmente, na Argentina”, alerta Santos.

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Texto: Larissa Schäfer