Seguindo o protocolo sanitário oficial, as exportações para a China estão temporariamente suspensas desde quinta-feira (23), após a confirmação de um caso atípico de Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB) no Pará. A Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) classifica o Brasil como território de risco insignificante para a ocorrência da doença, diante disso, após o “autoembargo”, a Associação Nacional da Pecuária de Corte (Assocon), pede a revisão do protocolo sanitário.
A amostra do exame que confirmou doença, também conhecida como mal da “vaca louca”, foi encaminhada para análise do laboratório de referência da Organização Mundial de Saúde Animal, em Alberta, no Canadá, onde poderá ser confirmado se o caso é atípico (gerado espontaneamente na natureza, sem transmissão) ou clássico (transmitido entre animais por ingestão de ração contaminada). Em um possível “caso atípico como esse, que não representa nenhuma ameaça de contaminação à carne e às pessoas, ocorrido em uma propriedade rural de pequeno porte no Pará, não pode ser motivo de suspensão das exportações de todo o país”, destaca José Roberto Ribas, vice-presidente da Assocon.
A China é responsável pela compra de mais de 50% da carne bovina exportada. “Não é a primeira vez que isso ocorre. Em 2021, foram quase quatro meses de suspensão das exportações para o nosso principal cliente. Isso resultou em mais de US$ 1 bilhão em prejuízos para a cadeia da carne bovina. O pecuarista já sofre com baixa remuneração, alto custo de produção, além de conviver com um mercado instável”, ressalta Ribas.
Firmado em 2015, o protocolo entre Brasil e China prevê que, havendo qualquer caso de relevância sanitária, se faz necessário o processo de suspensão automática das exportações ao país asiático. Agora, somente as autoridades chinesas podem suspender o embargo e aceitar que os envios voltem ao ritmo normal.
Exportação
O Brasil é o maior exportador de carne bovina, abastecendo 22% do mercado global. Contudo, apesar da alta de quase 11% no volume embarcado as cotações da proteína tiveram queda, de acordo com a Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB). Em janeiro, os preços ficaram em US$ 4,8 mil por tonelada, ou seja, uma redução de 7,5% na comparação com o mesmo período do ano passado (US$ 5,2 mil/ton).
Em comunicado, as gigantes do setor Minerva e Marfrig afirmaram que seguirão atendendo a demanda chinesa de carne bovina por meio de unidades de abate no Uruguai e na Argentina. A estratégia deve evitar que a participação no mercado seja afetada. “Tal qual em períodos anteriores, a suspensão das exportações brasileiras é temporária e deverá ser retomada em um curto espaço de tempo”, ressaltou a Minerva em nota.
“No período de auto suspensão, o atendimento realizado pelas sete plantas da Marfrig no Brasil será redirecionado para as seis plantas da Marfrig habilitadas para a China, localizadas no Uruguai e na Argentina”, afirmou a empresa em comunicado.
Com informações do Mapa, Assocon, AEB, Minerva e Marfrig