Agricultura

Receio com o clima marca início da safra de arroz no RS

O Rio Grande do Sul está prestes a finalizar a semeadura do arroz, tendo 97,18% da área estimada já implantada. A previsão é de que a cultura atinja mais de 862,4 mil hectares nesta safra, número 10% inferior à safra passada. No ciclo anterior, o arroz foi prejudicado pela estiagem e calor intenso, o que gerou a perda de 30,1 mil hectares.

“O produtor neste ano está com medo. O fenômeno La Niña está aí e vai ter problemas de estiagem provavelmente. Então, as perdas talvez tenham feito os produtores ficarem mais criteriosos e só semearem o que podem irrigar”, avalia a diretora técnica do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), Flávia Tomita. Além disso, questões econômicas também estão influenciando essa decisão. “O arroz está com preço baixo, o custo de produção é muito elevado, então produtores estão partindo para rotação com outras culturas”, afirma.

Neste ano, a área de soja deve atingir 504.373 hectares, crescimento de 18,3% em relação à safra passada. Caso atingida, essa será a maior maior área de soja em rotação com arroz já cultivada no estado, superando a marca atingida no ciclo 2021/2022. Além disso, também é observado aumento do cultivo de milho.

Semeadura

O processo de semeadura do arroz neste ano está decorrendo de forma tranquila, com a maior parte da área semeada na época recomendada. Porém as condições climáticas estão afetando o estabelecimento e desenvolvimento da cultura. Chuvas desuniformes e escassas, além do frio tardio, afetaram o arroz, especialmente na Fronteira Oeste do estado.

Em relação ao fenômeno La Niña, existe preocupação, mas ainda se espera que ele não afete tanto a cultura quanto no ciclo passado. Chuvas abaixo da média são previstas para dezembro e fevereiro, mas janeiro pode ter chuvas na média ou até acima, o que seria importante para fases cruciais da cultura. “É importante [chuva] no estabelecimento da lavoura, florescimento e enchimento de grãos”, ressalta Tomita.

A previsão da Organização Meteorológica Mundial (OMM), divulgada pelo Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), é de que o fenômeno persista, pelo menos, até fevereiro de 2023, mas com grande probabilidade de que entre em uma fase de neutralidade no trimestre entre fevereiro e abril de 2023.

Estimativa

Considerando o alto potencial produtivo das cultivares, não deve faltar arroz, mesmo com a diminuição da área, segundo Flávia. Ainda assim, tudo irá depender de como o clima irá se comportar. “A gente espera boas produtividades e acredita que se tiver essa chuva em janeiro, isso vai nos ajudar a ter uma produtividade pelo menos próxima ao ano passado”, afirma a diretora.

A produtividade média do cereal está projetada em 8.226 kg/ha, -1,1% menor do que a obtida no ano passado. A produção deve ter redução de -7,9%, totalizando mais de 7 milhões de toneladas. Os números foram estimados pela Emater/RS-Ascar.