A febre aftosa é uma doença viral que acomete bovinos, suínos, ovinos e caprinos. Os sintomas incluem febre alta e aftas na boca e casco dos animais, acarretando manqueira e inapetência. Dessa forma, a contaminação ocorre através de contato com animais, objetos ou alimentos infectados. É possível a transmissão aérea.
Os fluidos e excretas produzidos (saliva, urina, fezes) pelo animal infectado contém vírus e são contaminantes de locais, objetos e outros seres. Contudo, é importante ressaltar que a doença não é uma zoonose, ela não é transmitida aos seres humanos. Até hoje, apenas um caso foi registrado, em 1966, na Grã-Bretanha.
O vírus pode ficar ativo por um longo período, quando em condições favoráveis. A destruição dos vírus pode ocorrer através do calor, luz solar, baixa umidade ou desinfetantes.
A doença não é letal, mas abre oportunidade para infecções oportunistas que levam à piora no quadro clínico, podendo ocasionar a morte. É uma doença sem tratamento, que dura de 2 a 3 semanas. Entretanto, como medida preventiva, a fim de evitar a disseminação da doença, os animais infectados são sacrificados.
As perdas econômicas são gigantes, por isso o controle e fiscalização da doença são rígidos no mundo. A comercialização de animais e produtos de origem animal não ocorre de áreas susceptíveis da doença para locais livres. Dessa forma, o controle preventivo é realizado através da vacinação.
No Brasil, desde 2000, Santa Catarina é considerado um estado livre de aftosa sem vacinação. Em 2021, Paraná, Rio Grande do Sul, Rondônia e Acre também obtiveram essa condição, além de algumas cidades no Amazonas e Mato Grosso.
Figura 1. Mapa do Brasil com as zonas livres de vacinação.
Fonte: MAPA, 2021.
A Organização Mundial da Saúde Animal (OIE, em inglês) é quem reconhece tal condição.
Mudanças na vacinação
Através do Programa Nacional de Erradicação e Prevenção da Febre Aftosa (PNEFA) criou-se o Plano Estratégico (PE-PNEFA) cujo objetivo é garantir a permanência do Brasil como país livre de febre aftosa, conforme ocorre o andamento da retirada da obrigatoriedade da vacinação.
O plano tem duração de 10 anos, foi iniciado em 2017 e a previsão de término será em 2026.
Figura 2. Mapeamento brasileiro em relação às estratégias de vacinação contra a febre aftosa no Brasil.
Fonte: MAPA, 2022.
O MAPA comunicou que em novembro do ano vigente não será necessário vacinar o rebanho contra aftosa em Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Espírito Santo, Tocantins e Distrito Federal.
Assim, São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia, Alagoas, Sergipe, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará, Piauí, Maranhão, Amapá, Roraima e partes do Amazonas e Pará deverão continuar com a vacinação.
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Possíveis impactos na cadeia
A não vacinação abre portas para novos mercados internacionais, tais como Japão, Coreia do Sul, Estados Unidos, México e países da UE. Vale ressaltar que, para alguns desses países, já comercializamos carne bovina, mas o volume de compras pode crescer, assim como o preço.
Atualmente, 70 países são classificados como livres de febre aftosa sem vacinação. Isso mostra que esses passos precisam ser trilhados pelo Brasil a fim de aumentar possíveis parceiros comerciais.
Os testes realizados pelos mercados para detectar o vírus acusa positivo para animais vacinados, por isso a retirada da vacinação deverá abrir portas para a carne brasileira, tendo impacto positivo no faturamento do setor com mais mercados no mercado internacional.
Em 2021, estimamos que R$626 milhões foram gastos no Brasil apenas com as doses de vacinas para a aftosa, calculado a partir da cobertura vacinal disponibilizada pelo MAPA, sem considerar perdas em aplicações e mão de obra.
Todavia, existe a cultura de vacinação dos animais para outras doenças em conjunto com a de aftosa. Esse manejo não deve ser esquecido, uma vez que o produtor, principalmente em áreas que fazem fronteira com outros países, tem a consciência da importância da imunização do rebanho.
Fonte: Scot Consultoria