As previsões de queda nos preços de remates de terneiros na Temporada de Outono da pecuária gaúcha se concretizaram. A diminuição em relação ao ano anterior já havia sido prevista em abril deste ano pelo presidente da Comissão de Relacionamento com o Mercado do Instituto Desenvolve Pecuária, Ivan Faria. Entre os fatores que influenciaram o mercado, estão a falta de financiamento governamental, a inflação, o atraso nas colheitas e o difícil cenário de exportação.
A diminuição do consumo da carne bovina também interfere nos preços dos terneiros. Entre maio de 2021 e 2022, a inflação da carne foi de 12,2%, segundo o índice IPCA-15 do IBGE. “A estagnação do preço do boi gordo se deu pelo baixo consumo no mercado interno, por conta da inflação e os efeitos da pandemia”, explica Faria. As exportações entre estados seguem paradas devido à similaridade de preços nas localidades e à alta incidência de impostos sobre animais e fretes, que desencoraja os compradores.
A descapitalização e a falta de custeios do Plano Safra 2021/2022 afetam o cenário, além do aumento das taxas de juro da Cédula do Produto Rural (CPR). “Somado a isso, temos o atraso nas colheitas das lavouras de grãos de verão, em função do retorno das chuvas e da antecipação do frio e das geadas, que atrasaram o desenvolvimento das pastagens de inverno”, afirma Faria.
No âmbito internacional o cenário é negativo. A baixa do dólar em relação ao real tira a competitividade dos produtores e o valor dos fretes marítimos dificulta a exportação. O encarecimento do petróleo impossibilita que os produtos cheguem ao mercado internacional com os preços que eram praticados anteriormente. “O nosso maior demandante de gado vivo, que é a Turquia, também sofre com os efeitos da pandemia, pois está com a economia bastante comprometida”, pontua Faria.