Há quase dois meses sem conseguir exportar carne bovina para o seu principal cliente internacional, o Brasil vivenciou a primeira queda no preço médio das carnes depois de 16 meses. Foi o que apontou o relatório do IPCA-15, prévia do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nesta terça-feira (26/10).
Segundo o IBGE, houve redução de 0,31% para carnes no período de 16 de setembro a 16 de outubro, pressionado pela desvalorização dos cortes bovinos dianteiros. Dos 15 cortes de carna bovina que integram o IPCA-15, apenas contrafilé, coxão mole e picanha tiveram aumento, acompanhando carne suína e de frango. As maiores quedas se deram com os cortes Capa de Filé (-1,83) e Costela (-1,68).
“Esse cenário favorece a maior competitividade da carne bovina, apesar de não ser uma queda expressiva”, explica o analista Rafael Suzuki, da Scot Consultoria. Apesar da queda em setembro, no acumulado em 12 meses, o grupo carnes ainda registra alta de 22,06%, segundo o indicador.
Em 12 meses, carnes acumulam inflação de 22,06% segundo o IPCA-15.
Analista de mercado de carnes da consultoria Safras & Mercado, Fernando Iglesias destaca que, no atacado, os preços de cortes de dianteiro bovino caíram 17%. “Então, é exatamente isso: Reflexo da ausência do nosso principal importador de carne bovina”, explica.
Ele lembra que, desde a suspensão das exportações para a China, em 4 de setembro, o valor da arroba do boi gordo saiu de R$ 330 a R$ 350 para R$ 260 em São Paulo. “Se não fosse a ausência chinesa, o cenário para o mercado pecuário seria outro”, pontua o analista.
Rafael Suzuki, da Scot Consultoria pontua que, além da suspensão dos embarque spara o mercado chinês, a queda nos preços da carne está associada à maior saída de gado confinado, aumentando a oferta doméstica. “Lembrando que os preços menores estão sendo repassados, de maneira compassada, ao atacado e varejo, devido ao menor volume de abate e ao escoamento de carne que segue lento”, completa Suzuki.
Embora a tendência seja de que os preços retomem a trajetória de alta após uma possível reabertura do mercado chinês para a carne bovina brasileira, Fernando Iglesias ressalta que “dificilmente” a arroba bovina voltará a ser cotada acima dos R$ 300 no país. “Tem toda uma logística que precisa ser resolvida, o movimento de alta seria mais comedido. Eu diria que até destravar essa logística seriam necessários de 20 a 40 dias”, aponta o analista.
Fonte: Scot Consultoria