O atraso na semeadura da soja em Mato Grosso tem preocupado também os produtores de milho. Isso porque a safrinha de milho é cultivada após a colheita da primeira safra de soja. Com o atraso que acontece por conta da falta de chuvas no estado, a safra do milho em 2024 pode ser afetada.
Segundo o diretor da Associação Brasileira dos Produtores de Milho, Zilto Donadello, atualmente o estado cultiva em torno de 5,5 milhões de hectares de milho. Ele explica que o potencial de produção do milho no estado está diretamente ligado à produção de soja.
“É tradicional do produtor mato-grossense fazer soja na primeira safra e milho na segunda. Então, a expansão da área de milho está em cima da área de soja”, explica.
De acordo com o vice-presidente sul da Aprosoja Mato Grosso, Jorge Diego Giacomelli, além de afetar a produtividade, o atraso no plantio da soja pode prejudicar a qualidade do milho.
“A segunda safra que seria do milho, depende de uma janela ideal também. E como você já atrasa na soja, você vai colher essa soja mais tarde e se conseguir plantar esse milho, já não vai plantar numa janela ideal. O que pode afetar em produtividade lá na frente do milho e não entregar os resultados que o produtor estava esperando. Vai atrapalhar com a questão tanto da produtividade quanto de qualidade do grão. Os prejuízos são enormes e até o momento ainda são incalculáveis”, diz.
Conforme levantamento de SAFRAS & Mercado, até o momento em Mato Grosso o cultivo de milho atinge 1% da área de 24 mil hectares. Já em Mato Grosso do Sul, o plantio de milho ocupa 18% da área de 27 mil hectares. E em Goiás/Distrito Federal, o cultivo atinge 17,8% da área prevista de 316 mil hectares.
Segundo o IBGE, os municípios que produzem as maiores quantidades de milho em Mato Grosso são: Sorriso, Nova Ubiratã e Nova Mutum.
Estimativas para a safra 23/24
Segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB), a área total de milho para a safra 23/24 no Brasil ficou projetada em 21,18 milhões de hectares. A estimativa indica uma redução de 4,82% em comparação com a safra 22/23. A queda foi puxada pelo declínio de 4,92% na área de Mato Grosso — o maior produtor — em conjunto com o recuo de 7,07% e 3,65% nas áreas dos estados do Paraná e do Mato Grosso do Sul, respectivamente.
A estimativa da produção brasileira do grão também reduziu em 9,46% em relação à safra 22/23, totalizando 119,40 milhões de toneladas. A Conab ainda informou que o cenário é reflexo da queda nos preços disponíveis e futuros do cereal, devido à maior produção na safra 22/23 — o que afetou a rentabilidade, desmotivando o produtor a fazer investimentos na cultura.
Fonte: Brasil 61