A maior oferta de produtos avícolas no mercado interno pressionou as cotações. “O setor que se mantinha em equilíbrio, sofreu quedas súbitas nos preços de venda nos últimos três meses”, ressalta o presidente executivo da Associação Gaúcha de Avicultura (ASGAV), José Eduardo dos Santos.
Nesse período, os valores da milho e do farelo de soja também subiram, fazendo com que o poder de compra do avicultor caísse frente aos principais insumos da atividade. “O milho sem mantém em patamares de R$ 85 a R$ 90 a saca e compreende 70% da ração das aves. Já o farelo de soja ocupa uma fatia de 15 a 20% e está custando R$ 2.220 a tonelada”, informa Santos.
Além dos custos alimentares, o dirigente destaca outros custos que afetam toda a cadeia produtiva, como embalagem, equipamentos, mão de obra, encargos, vacinas e etc. “O preço do frango sobe ou desce, esses custos continuam batendo na porta do avicultor e da indústria. Então, é por isso que nós entramos nessas situações críticas”, frisa.
Frete
Outra desvantagem competitiva é a logística, já que o Rio Grande do Sul fica mais distante geograficamente dos grandes centros consumidores como São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. “Aqui no sul nós temos um impacto maior no nosso custo, justamente por não sermos autossuficientes em grãos. Daí temos que buscar em outros estados e países como a Argentina e Paraguai” salienta Santos.
Para trazer grãos de outros estados o custo é de R$ 20 a R$ 30 de frete em uma saca de milho, o que reflete no poder de compra do produtor.
José Eduardo dos Santos
Economia
Assim como os demais setores, o cenário macroeconômico também afeta a cadeia produtiva. A guerra entre Rússia e Ucrânia e a influenza aviária em outros países favoreceram os embarques brasileiros, mas pressionou os custos. “Então estamos rezando para que a estiagem não nos pegue de novo nesta safra, no meio da produção de milho. Senão nós vamos ter que trazer mais milho de fora, ou seja, mais custo. Assim sofre o produtor e sofre a indústria”, explica o dirigente da ASGAV.
No ano passado e início de 2023, por iniciativa própria, algumas indústrias e cooperativas reduziram a produção para não ficar absorvendo prejuízo por muito tempo e ter risco de parar as atividades. Santos explica que essa essa revisão da produção é uma visão estratégica emergencial para poder equilibrar a oferta e os custos de produção.
Para 2024, a expectativa é que este cenário se repita. “Vai ter redução de produção novamente por iniciativa própria das indústrias e cooperativas, e precisamos de um amparo do governo para questões de armazenagem de grãos no Rio Grande do Sul. De amparo também em relação às habilitações de alguns frigoríficos que precisam exportar e aguardam ainda alguns procedimentos burocráticos. Tudo isso para que a gente possa ter um oxigênio ano que vem e seguir com o desenvolvimento do setor”, explica Santos.
Mercado externo
O Rio Grande do Sul é o terceiro maior produtor de carne de frango, com 1,7 milhão de toneladas em 2021, representando 13% do total produzido no país. “Também, é o terceiro maior exportador, a expectativa é de fechar o ano em 745 mil toneladas exportadas. Outro ponto de destaque, é que o estado também é o quinto maior produtor de ovos, devendo fechar o ano com produção entre 2,5 a 3 mil toneladas”, ressalta.