Agronegócio

Produtores do Rio Grande do Sul precisam ter cautela em mais um ano de La Niña

Pelo terceiro ano consecutivo, o fenômeno La Niña está atuando e influenciando as safras e produção agrícola. No Rio Grande do Sul, os meses de pouca chuva e o frio fora de época deixam isso bem claro. Além disso, a previsão é de que o baixo volume de chuvas siga até o final do ano. Apesar do fenômeno não ser sinônimo de estiagem severa, como a que causou quebras de safra no ano passado, há motivos para preocupação e cautela.

“A preocupação com déficit hídrico existe, e o produtor deve ter cautela quanto a isso, principalmente os da Metade Oeste do RS. Nesta região há a tendência de chover menos, climatologicamente falando. Além disso, as temperaturas são mais elevadas e a umidade relativa do ar é mais baixa, o que faz com que a umidade do solo se evapore muito mais rápido, agravando os efeitos da estiagem. Então, sim, deve-se ter preocupação e atenção a este fato” ressalta a meteorologista do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), Jossana Cera.

Neste ano, segundo Jossana, as anomalias estão bem mais intensas do que na safra passada. Por isso, já estamos sentindo intensamente os efeitos do La Niña. O que pode amenizar a situação é o que fenômeno pode começar a enfraquecer no mês de janeiro. Porém, essa previsão não é um consenso. “Minha opinião é de que ainda conviveremos com o La Niña por algum tempo. Acredito que a neutralidade prevaleça durante o outono de 2023”, avalia a meteorologia.

Efeitos

As chuvas abaixo da média registradas em setembro e outubro já estão trazendo alguns problemas para as culturas de verão. O arroz, por exemplo, tem registrado problemas de emergência e no estabelecimento de algumas lavouras, principalmente em lavouras da Metade Oeste. A preocupação é a mesma para o milho e soja. “Por isso, a recomendação é sempre realizar a semeadura após uma chuva adequada para garantir a emergência das plantas”, alerta Jossana.

Além disso, as temperaturas devem continuar mais amenas até meados de dezembro, mas esse aspecto não traz grandes preocupações para as culturas. “No caso do arroz, as temperaturas mais baixas fazem com que a planta cresça e se desenvolva mais devagar, atrasando um pouco o ciclo, mas, em princípio, sem maiores prejuízos à produtividade de grão […] Para as culturas da soja e do milho em rotação, os efeitos dessas temperaturas baixas são similares aos do arroz irrigado, ou seja, há redução no crescimento da planta e uma maior duração dos subperíodos de desenvolvimento”, explica a meteorologista.