Luiz Inácio Lula da Silva foi eleito hoje (30), pela terceira vez, Presidente da República do Brasil. O candidato do Partido dos Trabalhadores atingiu 50,90% dos votos válidos, totalizando mais de 60,3 milhões de votos. O adversário, Jair Bolsonaro (PL), contabilizou mais de 58,2 milhões votos, que representam 49,10% dos votos válidos.
De acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a abstenção foi de 20,59%, os votos nulos corresponderam a 3,16% do total de votos e o os votos em branco, 1,43%.
Biografia
Lula acaba de completar 77 anos, é casado com a socióloga Rosângela da Silva, trabalhou como metalúrgico e tem histórico de envolvimento com o movimento sindical. Nesta eleição, concorreu pela coligação Brasil da Esperança (formada por FE Brasil (PT/PCdoB/PV)/Solidariedade/Federação PSOL-Rede/PSB/Agir/Avante/Pros). O vice-presidente eleito é o médico e ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin.
Em 1980, Lula foi um dos fundadores do PT e em 1986, foi eleito deputado federal para a Assembleia Constituinte. Lula disputou a Presidência da República e foi derrotado em 1989, 1994 e 1998. Apenas em 2002 o petista conquistou a vitória, com quase 53 milhões de votos, tornando-se Presidente da República Federativa do Brasil. A reeleição veio em 2006, quando atingiu 58 milhões de votos.
O mandato do petista foi marcado por políticas sociais, investimentos em infraestrutura e crescimento econômico do país. Porém, os períodos de governo de Lula e Dilma também foram marcados por escândalos de corrupção envolvendo aliados, incluindo o Mensalão e a Lava Jato. No segundo caso, Lula chegou a ser condenado e preso, mas esses processos foram anulados, já que o juiz foi considerado parcial pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que também concluiu que os casos não tramitaram na jurisdição correta.
No agronegócio, Lula afirma que aumentou os financiamentos ao setor e que os governos PT ampliaram as exportações.
Agronegócio
O agronegócio é considerado um gargalo para o petista, que teve dificuldades para dialogar com o setor durante a campanha. Em um dos episódios mais marcantes, no Jornal Nacional, em agosto, a entrevistadora Renata Vasconcellos fala sobre a maneira como Lula aborda o agronegócio, dizendo que ele sugere que o setor é contra o meio ambiente sustentável. Lula discorda, mas a frase viralizou: “O agronegócio que é facista e direitista [é contrário ao meio ambiente sustentável], porque os empresários sérios, que trabalham no agronegócio, que tem comércio com o exterior e que exportam para Europa e para China, esses não querem desmatar, esses querem preservar”, disse Lula na ocasião. Além disso, o petista é criticado pela aproximação e defesa do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).
Nesta quinta-feira (27), Lula divulgou a “Carta para o Brasil do Amanhã”, com suas propostas para diversos setores, entre eles a “agricultura sustentável”. A campanha destaca o papel do Brasil como produtor e fornecedor de alimentos para o mundo, mas afirma que isso deve ser ampliado de forma sustentável.
“Investiremos fortemente na Embrapa e no financiamento ao agronegócio, aos pequenos e médios produtores e à agricultura familiar e aos assentamentos. Para aumentar a produção sem desmatamento, implantaremos o Plano de Recuperação de Pastagens Degradadas, que somam cerca de 30 milhões de hectares. As taxas de juros serão reduzidas no Plano Safra, no Pronamp e no Pronaf para produtores comprometidos com critérios ambientais e sociais. Vamos reconstruir a Conab e estabelecer uma política de preços mínimos para estabilizar os preços dos alimentos e garantir comida na mesa das famílias. Vamos fortalecer o cooperativismo e a assistência técnica aos pequenos e médios produtores”, afirma o texto.
Em outro tópico, relevante para o agronegócio, Lula afirma que quer superar o isolamento internacional e promover o diálogo democrático. “Investiremos novamente na integração regional, no Mercosul e outras iniciativas latino-americanas, bem como no diálogo com os BRICS, com os países da África, União Europeia e Estados Unidos. Romper o isolamento e retomar política externa exitosa é fundamental para ampliar o comércio exterior e a cooperação tecnológica, além promover relações mais justas e democráticas entre os países” diz a carta. Ainda, o pestista promete fortalecer pactos internacionais voltados à sustentabilidade, em especial o marco da Convenção do Clima.