Teremos a passagem de mais duas frentes frias até o final de outubro, que junto com corredor de umidade e áreas de instabilidade trarão de volta os temporais pelo Sul do país nesses dias que se seguem. A começar já nesta quarta-feira (26), pelo Rio Grande do Sul, com vendaval, queda de granizo e acumulados pontualmente elevados.
Mas, o grande destaque é a forte onda de frio que está prevista no início de novembro para a metade do sul do país. O frio mais intenso será no dia 02 de novembro, com temperaturas que podem ser negativas, em especial na serra e planalto catarinense e na serra gaúcha.
A grande novidade é que pode ter até ocorrência de neve e chuva congelada ao longo do dia 01 de novembro, próxima terça-feira, sobre a serra e planalto catarinense, além da serra gaúcha, e estamos monitorando e se isso ocorrer será a primeira vez na história que acontece em um mês de novembro no Brasil.
Pois, a frente fria passa na região, e com seu ciclone extratropical na costa da Região Sul, trazendo a umidade constante do mar para o continente, e os fortes correntes de vento, chamadas de jato, somada a entrada de uma forte onda de frio.
Depois disso, nos dias 02 de 03 de novembro deve até gear nas áreas gaúchas e catarinense, além do Paraná, pois o céu fica mais limpo e a massa de fria e seca predomina a metade sul do pais.
Aliás, nesta terça-feira (25) houve relatos de geada nas primeiras horas do dia na serra catarinense, sendo o sétimo em outubro deste ano de 2022. Com termômetros marcando 3,6°C em Vargem Bonita e 3,7°C em Urupema, em Santa Catarina, no início desse dia. fontes: Ciram/Epagri e Joaquim Online.
Motivo do frio tardio no país
A explicação para esse frio fora de época, tem relação sim com o fenômeno La Niña (que atua pelo terceiro ano consecutivo), que ajuda nas ocorrências do frio tardio pelo Brasil, além do aquecimento global ou mudanças climáticas, onde o planeta terra tenta entrar em equilíbrio, o que contribui a ter frios extremos, em curto período, distribuídos pelo planeta, e da influência da Oscilação Antártica (AAO) que ficará negativa no final de outubro ajudando na volta das instabilidades pelo sul, trazendo a frente fria e o ar frio, e positiva no início de novembro, ajudando a manter o frio presente nessa faixa da região.
Explicando mais detalhadamente a Oscilação da Antártica (AAO) ou Modo Anular Sul (SAM) vai ficar numa forte fase negativa no final de outubro, com isso geralmente há um enfraquecimento do Vórtice Estratosférico Polar e dos ventos de oeste. Isso pode ser observado através da corrente de jato polar que passa a fazer um caminho com muitas curvas em torno do Hemisfério Sul, dando suporte dinâmico para que as frentes frias e ciclones extratropicais se desenvolvam em latitudes mais baixas (próximo do Brasil por exemplo), como irá ocorrer. E nessa fase negativa consequentemente há mais chuva na metade sul do país, como irá ocorrer, por conta da chegada da forte frente fria, com o ar polar na retaguarda, no final do mês de Outubro de 2022. Outro fator, é o oceano pacífico que está frio (na La Niña) quando associado a AAO, na sua fase negativa, há mais registros também de bloqueios atmosféricos no Brasil, se comparadas com a fase positiva.
Por outro lado, na fase positiva da AAO, que ficará no início de novembro, há a intensificação do jato polar, além de deixar mais seco na metade sul do Brasil (e ajudar a manter a massa de frio e fria nessas regiões), pois e geralmente quando há essas condições há mais chuva na metade norte do Sudeste, no Tocantins e na Bahia. Resumindo, quando o índice AAO é positivo, significa que o Vórtice Polar Estratosférico centrado no pólo sul está fortalecido. Dessa forma, os ventos de oeste ao longo da Troposfera extratropical também se mostram intensos e o ar gélido fica confinado na Antártica. É com essa configuração que preferencialmente as frentes frias e ciclones extratropicais rodeiam apenas a Antártica.
E com essa transição da fase Oscilação da Antártica (AAO), negativa possibilitando a entrada da frente fria no final de outubro, e depois a fase positiva da AAO nos dias iniciais de novembro, justificam a entrada do ar mais frio na região. E segundo estudos de onda de frio, nas duas fases podem ocorrer a onda de frio, com a negativa dando o gatilho para a passagem de frente fria, com sua massa de ar frio na retaguarda, e a fase positiva AAO auxilando também na probabilidade maior do frio extremo sobre latitudes médias da América do Sul.
E ainda está se especulando se a da fumaça do Vulcão Tonga pode ter mexido na circulação na estratosfera, quando ajudou no resfriamento da mesma no início do ano. Mas, agora está mais quente em parte da estratosfera e recentemente a Oscilação Quase-Bienal (QBO) está de oeste, na fase positiva.
Assim, quando a Oscilação Quase-Bienal (QBO) é positivo (+), com ventos de oeste, com um ar mais quente (temperatura mais alta) na estratosfera há um afundamento acelerado, assim aumenta a intensidade dos jatos e trazer frios intensos, e onde chover, pelo país, também traz fortes chuvas.
Ou seja, a Oscilação Quase-Bienal (QBO) interfere na ocorrência do Ozônio, e a QBO são ventos na estratosfera, que muda de leste ao oeste na faixa equatorial. Cada fase da QBO dura em torno de 2 anos, entre 18 e 36 meses, em média 28 meses, e na fase negativa, os ventos na estratosfera é de leste, onde ficou desde 2021 a meados de 2022, nos últimos meses. E isso acarreta em uma baixa atividade solar. Porém, agora, como mencionado está na fase positiva, e ajuda na intensificação dos jatos e do frio também.
Fonte: ClimaTempo