Agricultura

Quebra na safra de café no Paraná impacta produtores e diminui margens da indústria

Tradicional cultura do Paraná, a cafeicultura vem diminuindo a área e a produção há anos no estado. Nesta safra, o setor sofreu mais um baque. Geadas ocorridas em 2021 e a estiagem no Sul do país estão reduzindo ainda mais a produtividade e qualidade dos frutos colhidos pelos cafeicultores paranaenses. Essa situação afeta a rentabilidade dos produtores e o processo de beneficiamento no estado.

A área em produção nesta safra é cerca de 18,3% inferior à do ano passado, enquanto a produção deve ser 36,9% menor que em 2021. A quebra de safra também é significativa, enquanto em janeiro eram previstas 701,4 mil sacas, em maio a estimativa da Companhia Nacional de Abastecimento baixou para 552,9 mil, redução de 21,1%.

“É uma safra difícil pela questão da geada. Na região em que a Cocari atua, diversos produtores tiveram que fazer o arranquio desse café para replantar a sua lavoura. Isso impacta diretamente na produtividade e no nosso recebimento. Esse café vai demorar aproximadamente três anos para ter novamente uma produção. E acreditamos que no produto deste ano, como deu mais defeitos devido às geadas e é um café miúdo, dificulta a comercialização desse produto para agregar valor”, relata o Gerente da Unidade de Beneficiamento de Café da Cocari, Jose Eduardo De Carvalho Martinez.

Desta forma, o primeiro impacto é sentido pelo produtor, que acaba recebendo menos pelo café produzido. Além disso, a frustração da safra e do preço recebido pode aumentar as desistências. “Se não é viável para o produtor, ele sai da área ou acaba trocando a cultura”, explica Martinez. Com isso, o produto disponível diminui, o que também afeta o processo de beneficiamento e comercialização.

Por fim, as exportações também acabam sendo prejudicadas. “ Produto que agrega valor é produto de exportação, então nesse mercado geralmente é trabalhado o café bica, onde é selecionado os melhores grãos, que são de exportação”, explica Martinez. Além das exportações, eles são destinados a cafeterias de nicho que trabalham com cafés especiais. Porém, com mais defeitos na safra, há maior disponibilidade de “resíduo”, destinado ao mercado interno, que paga menos. Nesse contexto, a margem da indústria cafeeira também diminui.

Em breve: as causas para a diminuição da produção de café no Paraná e maneiras de ampliar a lucratividade.