Agronegócio

Denúncias de derivas de herbicidas hormonais caem 32% no RS

O número de denúncias de derivas de herbicidas hormonais caiu 32% no ano passado no Rio Grande Sul. Enquanto em 2020 foram 144 denúncias entre os meses de agosto e dezembro, em 2021 foram 98 registros no mesmo período. Os dados fazem parte do Relatório de Ocorrências de Derivas de Agrotóxicos Hormonais, publicado na sexta-feira (29) pela Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (Seapdr), e demonstram a situação da última safra de verão (2021-2022).

Entre as 124 amostras analisadas para o princípio ativo 2,4D e outros hormonais, 96 receberam a confirmação da presença do 2,4D. A porcentagem de contaminação portanto é de 77,41%. Em 2020, entre as 181 amostras, 71,27% confirmaram contaminação. O relatório pondera que há maior “assertividade do produtor ao identificar a ocorrência de deriva e efetuar a comunicação à fiscalização”.

O número de propriedades atingidas passou de 94 para 72, redução de 23,4%. As propriedades afetadas em 2021 estão distribuídas em 26 municípios, sendo que 11 não tinham regramento específico para uso dos herbicidas hormonais nessa safra. Os municípios com maior número de propriedades atingidas foram Jaguari (25), Dom Pedrito (7) e Santana do Livramento (7), que correspondem a 54% do total de propriedades impactadas por derivas de 2,4D em todo o Estado.

A cultura da uva segue como a mais afetada pela deriva, totalizando 57 amostras (59,3%). Em seguida estão noz-pecã (4,16%) e oliveira (2,08%)

Entre as conclusões do documento, consta que houve deriva de outros herbicidas hormonais e não hormonais, “demonstrando que o problema é a tecnologia de aplicação, onde o aplicador não está observando todos os preceitos e técnicas adequadas”.

“Tendo em vista que as ocorrências de deriva foram causadas por inobservância à correta aplicação dos produtos, a exigência de instrução dos aplicadores nos municípios com ocorrência, declaração de uso e orientação pela responsabilidade técnica, aliadas à fiscalização a campo, foram os meios que possibilitaram a redução de 32% das ocorrências na última safra”, avalia o diretor do Departamento de Defesa Vegetal da secretaria, Ricardo Felicetti.

Normas e Fiscalização

As instruções normativas da Seapdr nº 41, que trata da venda orientada de agrotóxicos hormonais, e nº 42, sobre o cadastro de aplicadores e exigência de curso de boas práticas na aplicação de agrotóxicos em 35 municípios do Estado, foram prorrogadas recentemente. A partir de 1º de setembro, as exigências das instruções normativas passam a vigorar em todos os municípios gaúchos.

“O trabalho de mitigação de ocorrência de deriva na aplicação de agrotóxicos hormonais é complexo e demanda o envolvimento do poder público, responsáveis técnicos, produtores rurais, aplicadores, extensão rural, aprendizagem rural e entidades ligadas ao setor agropecuário. A discussão sobre melhorias deve ser permanente e está em constante avaliação. Não há uma solução definitiva e o trabalho é constante”, acrescenta Felicetti.

Com informações da Seapdr