Pecuária

Paixão pela atividade e demanda do mercado incentivam ovinocultura em novas regiões do RS

A Cabanha Chimanguinho, localizada em Erechim – RS, começou a sua produção com a intenção de criar cavalos crioulos. A família adquiriu ovelhas apenas para o consumo próprio da família. No entanto, o rebanho aumentou e a ovinocultura se tornou a principal atividade econômica. “O que nos move é a emoção de poder participar em família e o amor pela ovinocultura, a gente levanta e deita pensando em ovelha, conversando sobre ovelha, planejando a ovinocultura”, conta o proprietário, Eduardo Meneghatti. A paixão pela atividade é tanta que eles possuem uma loja voltada a produtos da ovinocultura e se dedicam a incentivar a atividade na região.

Outras atividades da pecuária, como a suinocultura, produção de aves e bovinocultura de leite, estão bastante presentes no Alto Uruguai, mas a região não possui tradição na ovinocultura. Atualmente, são 20 mil ovinos declarados em 15 mil propriedades, conforme a Emater-RS/Ascar. “A ovinocultura é incipiente, ela é familiar, pequenos produtores que produzem basicamente para o consumo da família ou para atender o mercado regional, não temos uma produção suficiente para transportar isso para grandes frigoríficos ou por exemplo para região Sudeste Brasil, onde o consumo é elevado”, explica o assistente técnico regional em sistemas de produção animal da Emater/RS-Ascar de Erechim, Vilmar Fruscalso.

Organização

Incentivar a produção e organizar a cadeia produtiva da região é o objetivo de produtores e entidades. “A região oferece um potencial fantástico. Nós temos uma característica colonial com propriedades médias e pequenas atendidas pelos próprios proprietários, ou seja, pode ser trabalhado dentro da propriedade com um volume menor de ovinos, mas que possa na região ter um volume considerável para oportunizar aos frigoríficos e aos setores produtivos industriais um volume adequado de animais semanalmente ou mensalmente. Então dentro das nossas pequenas propriedades produtoras de suínos ou de aves, até mesmo de bovinocultura de leite, há espaço para atividades de ovinocultura sem interferência econômica para os outros setores”, explica o médico veterinário e produtor Wilson Radaelli.

“A região oferece um potencial fantástico”

Wilson Radaelli – médico veterinário e produtor rural

Atender ao mercado consumidor, que apresenta demanda pela carne ovina, é o principal motivador. No entanto, ainda é preciso alcançar alguns objetivos. “O mercado hoje é de carne, não é mais de lã, é de carne de cordeiro, de carne de animais jovens. As pessoas gostariam de consumir, mas não encontram. E para nós fortalecermos isso, precisamos de uma produção maior, em quantidade e qualidade, para que possamos então levar aos frigoríficos mais distantes ou quiçá um dia termos um frigorífico, um abatedouro, aqui na região, que é um dos desafios”, relata Fruscalso.

“O mercado hoje é de carne, não é mais de lã”

Vilmar Fruscalso – assistente técnico regional da Emater/RS-Ascar de Erechim

Para aumentar a produção, a capacitação dos produtores nos aspectos técnicos é um passo fundamental. Para isso, na última quinta-feira (02), a Emater/RS-Ascar de Erechim realizou um Dia de Campo sobre Oportunidades de Negócios na Ovinocultura, reunindo produtores interessados e outros membros da cadeia produtiva.

Complemento

Com animais menores, dóceis e a possibilidade de ser gerida junto de outras atividades, ela é considerada uma boa alternativa e complemento. “Poderá haver um aproveitamento melhor da propriedade e isso gera mais renda, mais conforto, mais qualidade de vida às nossas famílias”, ressalta o assistente técnico.

Foto de ovelhas em campo.
A atividade está presente em pequenas propriedades no Alto Uruguai | Foto: Bruna Scheifler/Destaque Rural

A rentabilidade, no entanto, pode fazer com que a atividade se torne a principal. “Como ela tem um retorno financeiro muito interessante, ela pode passar não só de um complemento econômico, mas atividade principal dentro da propriedade. As propriedades pequenas podem ter um rebanho considerável semiconfinado e que permita um retorno econômico muito superior a atividades que o produtor está normalmente acostumado”, sugere Radaelli. Para isso, ele considera fundamental a gestão e padronização da produção. “Esse é o primeiro grande desafio, o produtor entender que ele precisa ter na sua propriedade um rebanho que esteja em conformidade com aquilo que o mercado nos exige”, aponta.

Paixão

“A ovinocultura desperta paixões em muitas/muitas famílias”, destaca Fruscalso. Esse sentimento é notável no produtor Eduardo Meneghatti, que almeja que o Alto Uruguai se torne um polo de ovinocultura de qualidade, o que traria resultados também para a economia da região. No entanto, seu maior motivador é a paixão que a ovinocultura desperta.

Eduardo Meneghatti é um grande incentivador da ovinocultura | Bruna Scheifler/Destaque Rural

“A amor pela atividade e o prazer que ela nos dá na convivência com os amigos, na troca de experiências, na participação dos eventos e na convivência dentro da nossa propriedade”, relata. Na Cabanha Chimanguinho, vó, filho e neto participam juntos da atividade. “Então isso não tem preço. Isso aí é um objetivo de vida, não é só o resultado financeiro, ele tem que ter o resultado financeiro para financiar a atividade, mas a satisfação de viver dessa maneira não tem o que pague”.