Tecnologia

UPF aprova projeto em edital para desenvolvimento de produtos biotecnológicos para o agro

Com o objetivo de imobilizar microrganismos promotores de crescimento de plantas em Biochar, um produto obtido a partir de resíduos do processamento de uvas e, posteriormente, incorporar esse material em adubos químicos, pesquisadores da Universidade de Passo Fundo (UPF), Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e das empresas Adubos Coxilha e Beifiur Ldta firmaram uma parceira.

O projeto foi submetido e aprovado no TECHFUTURO da Secretaria de Inovação, Ciência e Tecnologia do Governo do Estado do Rio Grande do Sul e agora será colocado em prática. O produto desenvolvido deverá promover vantagens na liberação de nutrientes e benefícios à microbiologia do solo.

“Alinhamos a proposta de pegar a parte de microorganismos e bioinsumos, pesquisadas na empresa Beifuir, e unir com a parte de adubos minerais da empresa Adubos Coxilha. A partir disso, pretendemos imobilizar estes microrganismos promotores de crescimento em um biochar (carvão vegetal produzido a partir de resíduos de uva), que hoje é produzido pela Beifuir, como um suporte para o crescimento destes microrganismos”, explica o pesquisador responsável pelo projeto na UPF, o professor Dr. Jeferson Steffanello Piccin, destacando que ele surgiu no âmbito dos Programas de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia de Alimentos e Engenharia Civil e Ambiental.

Desenvolvimento

O projeto foi aprovado em edital e será colocado em prática | Fotos: Carla Vailatti/Divulgação UPF

O projeto contará com três grandes fases. Primeiro será o desenvolvimento do biochar, com a aquisição de um equipamento para análise de área superficial por meio da técnica BET, que também será aplicado em outras pesquisas da Universidade. Na sequência, será iniciada a imobilização dos microrganismos no carvão desenvolvido. Por fim, será feita a adição do composto no fertilizante, com testes à campo a serem desenvolvidos na Universidade, utilizando cultivares como trigo, soja e também hortaliças. O projeto será desenvolvido tanto nas empresas parceiras, Beifiur e Adubos Coxilha, quanto na UPF e UFSM, integrando o setor de pesquisa ao setor produtivo.

Doutoranda envolvida no projeto, Flavia Melara, do PPGEng, considera o projeto uma ideia inovadora, que busca unir os produtos de ambas as empresas participantes. “A utilização desses microrganismos imobilizados em carvão para serem misturados ao fertilizante mineral é uma forma inovadora de inserir esta tecnologia no campo. Em culturas como milho e trigo, por exemplo, a aplicação de fertilizante mineral, principalmente ureia, se dá em mais que um momento durante o ciclo e, dessa forma, pode permitir que o controle seja aplicado no período ideal ou mais que uma vez”, pontua.

Segundo ela, isso permitirá que os nutrientes aplicados ao solo através do fertilizante tenham maior aproveitamento pelas plantas, gerando mais produtividade e, até mesmo, diminuição na dose aplicada ao longo do tempo. “Nossos desafios são que os microrganismos permaneçam viáveis quando forem imobilizados no biochar e mantenham alta concentração e pureza até aplicação em campo. Para tal, serão conduzidos estudos envolvendo a pureza, concentração e tempo de prateleira do produto, além da avaliação da eficiência agronômica em casa de vegetação e em campo”, observa.

A possibilidade de uso por diferentes perfis de produtores é um dos destaques do produto. “É uma tecnologia capaz de ser utilizada por pequenos e grandes produtores, ao passo que irá resultar em maior produtividade a diferentes culturas agrícolas e maior sustentabilidade no campo, o que fomenta diversos aspectos do desenvolvimento sustentável”, comenta o aluno de doutorado do PPGEng Mateus Nazari.

Parcerias

O projeto foi aprovado em edital e será colocado em prática | Fotos: Carla Vailatti/Divulgação UPF

Dentro do projeto, a Adubos Coxilha irá participar fornecendo matérias primas de fertilizantes minerais, embalagens e estrutura industrial necessária para execução de testes. Além disso, também contribuirá disponibilizando o corpo técnico, que irá auxiliar desde a produção do fertilizante até a divulgação do produto. “O projeto é inovador e representa o que a Adubos Coxilha busca, que é oferecer ao produtor rural fertilizantes com tecnologia para que possam melhorar a produtividade em suas lavouras. Esperamos um impacto positivo não só em termos de agregar valor, mas também por estar em linha com nossa proposta de constante busca pela inovação tecnológica. Certamente com isso estaremos contribuindo para o desenvolvimento de uma agricultura cada vez mais sustentável e comprometida com a preservação do meio ambiente”, relata o diretor Vice-Presidente da Adubos Coxilha, Gilberto Borgo.

Em uma proposta de atuação conjunta, a Beifiur Ltda viu no trabalho já em andamento com o doutorando Mateus a oportunidade para ampliar as parcerias. Valdecir Ferrari, sócio Administrador da empresa, que também está fazendo doutorado, explica que a estrutura será colocada à disposição. “Temos laboratórios, biofábrica e produção de fertilizantes orgânicos, então tudo será utilizado como aporte para o desenvolvimento do produto. Estou fazendo doutorado na UFRGS e minha pesquisa também atuará para que possamos microencapsular os microorganismos e assim dar uma vida maior deles no campo”, frisa, ressaltando que somar esforços movimenta as pesquisas, acelerando o tempo de desenvolvimento e fazendo com que o produto chegue mais cedo até a comunidade.

Com informações de Universidade de Passo Fundo