Desafios da Soja

Safra 21/22 foi caracterizada pela presença constante de esporos da Ferrugem Asiática no RS

O programa Monitora Ferrugem RS, desenvolvido em sua terceira safra, chegou ao fim neste mês. Semanalmente, foram disponibilizadas informações sobre a ocorrência de esporos de Phakopsora pachyrhizi e o prognóstico climático de risco de ocorrência da doença. Os esporos são estruturas de germinação do fungo que, em condições climáticas adequadas, se desenvolvem gerando o desenvolvimento da ferrugem asiática em plantas de soja.

Na safra 2021/2022, em cooperação com 13 entidades de pesquisa e ensino, o Programa de Monitoramento da Ferrugem Asiática da Soja, coordenado pela Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (Seapdr) e Emater/RS-Ascar, coletou informações em 48 municípios do Rio Grande do Sul, com 51 coletores, ante os 24 coletores da safra anterior.

De forma generalista, a safra 2021/2022 se caracterizou pela presença constante de esporos no território gaúcho, em menores quantidades no início do período de desenvolvimento da soja, predominando nas regiões Oeste e Norte, com elevação a partir do avanço nos estádios de desenvolvimento da soja, atingindo todas as regiões produtoras do Estado. As informações são do extensionista rural, coordenador da Área de Culturas e de Defesa Sanitária Vegetal da Emater/RS-Ascar e um dos coordenadores do Programa, Elder Dal Prá. Os relatos da ocorrência de doença no campo se deram a partir de março de 2022, ocorrência esta tardia em função da estiagem que aconteceu no Estado.

Segundo o diretor do Departamento de Defesa Vegetal da Seapdr e um dos coordenadores do Programa, Ricardo Augusto Felicetti, este comportamento epidemiológico é esperado, uma vez que à medida que as plantas de soja se desenvolvem nas lavouras, o parasita fúngico desenvolve-se concomitantemente, disseminando os esporos captados pelos coletores principalmente pelas correntes de ar. Este fato evidencia o desafio fitossanitário envolvido no manejo epidemiológico da ferrugem asiática da soja.

“Novas estratégias de controle espacial, envolvendo a cooperação de entidades ligadas à sojicultura, produtores e órgãos oficiais, devem ser desenvolvidas para a contenção do desenvolvimento da doença em nível territorial, o que pôde ser evidenciado nos acompanhamentos do Monitora Ferrugem RS. Mais do que um alerta de risco e monitoramento, o Programa Monitora Ferrugem RS possibilita uma ferramenta técnica para o enfrentamento da resistência de Phakopsora pachyrhizi aos ingredientes ativos de controle, eficácia de medidas de manejo e diminuição das perdas ao produtor”.

As análises de ocorrências e prognósticos estão disponibilizadas no site do Programa, objetivando informações para as avaliações e tomada de decisão por parte dos produtores e responsáveis técnicos. Nesta safra foram inseridos os registros da ferrugem asiática identificada no campo, o que permitiu mais critérios para as decisões técnicas.

Programa

O Monitora Ferrugem RS integra as informações obtidas no monitoramento de esporos de Phakopsora pachyrhizi com informações de risco climático, geradas pelo Sistema de Modelagem Numérica de Tempo e de Clima Regional (Simagro-RS), estas servindo para o desenvolvimento de políticas para o setor agropecuário, além de acompanhar o comportamento das variedades de soja plantadas no RS para identificação de eventuais perdas de resistência, além de subsidiar a pesquisa agropecuária sobre o manejo da doença.

De acordo com Dal Prá, o programa disponibiliza uma ferramenta de suporte ao manejo da ferrugem asiática no RS, fornecendo o embasamento necessário para a identificação do momento inicial da aplicação de fungicidas, contribuindo para a racionalização do uso.

Para a responsável técnica do Laboratório de Fitopatologia da Seapdr e também coordenadora do Programa, Andréia Mara Rotta de Oliveira, o Programa tem como estratégia metodológica a detecção da presença de esporos associada às condições meteorológicas, para gerar mapas indicativos de predisposição da ocorrência da Ferrugem Asiática e auxiliar técnicos e produtores na tomada de decisão e adoção de medidas de manejo da doença. “O monitoramento do fungo contribui para o manejo mais eficiente da doença, reduz o risco de seleção de populações do fungo resistentes aos fungicidas e ameniza o impacto ambiental”, explica.

Segundo Felicetti, o trabalho desenvolvido no Monitora Ferrugem RS permite a congregação entre entidades técnicas no enfrentamento à ferrugem asiática da soja, possibilitando prognósticos para o programa e para a sojicultura do Rio Grande do Sul.

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Fonte: Seapdr