Produtores independentes de suínos promoveram na manhã desta quarta-feira (13), no centro de Curitiba/PR, uma manifestação com o objetivo de chamar a atenção para a grave crise que afeta um dos setores mais importantes da cadeia produtiva do agronegócio. Durante a mobilização foram distribuídas três toneladas de carne suína para entidades assistenciais do município.
De acordo com o presidente da Associação Paranaense de Suinocultores (APS), Jacir José Dariva, com o manifesto “Pedido de Socorro da Suinocultura”, o evento atingiu o propósito de dar ciência à população e clamando uma posição das autoridades diante dos enormes prejuízos que estão levando produtores à falência e ao fechamento das granjas.
Dariva agradeceu aos veículos de comunicação pelo apoio na divulgação do evento realizado na Boca Maldita, tradicional ponto de concentração de lideranças políticas e empresariais de todo o estado. “A imprensa tem sido uma aliada divulgando os fatos de uma luta que atinge não só os produtores, mas reflete em vários setores dos municípios, uma vez que o impacto é para todo o conjunto da população, até mesmo aqueles que não imaginam a soma de impostos que o setor a suinocultura arrecada.”
Segundo Dariva, muitos produtores enfrentam grandes dificuldades financeiras encerrando a produção em suas granjas, “o que gera desemprego no campo e menor movimentação financeira em toda a cadeia produtiva”.
Maior fonte de arrecadação de muitos municípios
Cabe ressaltar que vários municípios têm na suinocultura a sua maior fonte de arrecadação. Um exemplo vem exatamente do município que lidera o ranking do Valor Bruto da Produção Agropecuária e detentor do maior rebanho estadual, Toledo, onde de quase R$ 3,5 bilhões arrecadados por toda a cadeia do agro, nada menos que 43,92% do total do VBP, o equivalente a R$ 1.536 bilhão advém exatamente da suinocultura.
Agendas pela resolução do problema
O presidente da APS confirma o agendamento de nova reunião com representantes do Governo do Paraná com o propósito de reiterar o pedido de flexibilização do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) sobre os suínos como medida de apoio ao setor na busca pela sua recuperação.
Também deverá ocorrer um encontro de representantes da APS com autoridades da Secretaria de Educação do Paraná para tratativas com vistas a aumentar a quantidade de carne suína adquirida para oferecer aos estudantes na merenda escolar.
Distribuição de cortes e sanduíches
À exemplo do que ocorreu em Santa Catarina, há duas semanas, ocorreu em Curitiba a distribuição de cortes à entidades assistenciais como forma de evidenciar a carne suína como uma proteína saudável e de alta qualidade. Além disso, mil sanduíches de carne suína foram destinados a uma comunidade carente da capital.
Quanto à organização da manifestação de Curitiba, a diretoria da APS, na pessoa do presidente Jacir Dariva, faz questão de ressaltar a importância do envolvimento da equipe da Suinosul, “em especial do presidente da associação de criadores de suínos da região Sul, produtor Beto Gusso, também diretor da APS, do Luiz Bisewski e do Lúcio, que não mediram esforços para que tudo ocorresse dentro do que havíamos planejado para este ato em Curitiba, que colocou o Paraná no cenário das manifestações da suinocultura nacional neste momento de grave crise”.
Líderes da suinocultura catarinense e paulista se solidarizam com produtores do Paraná
Para o presidente da Associação Catarinense dos Criadores de Suínos, Losivanio Luiz de Lorenzi, a crise no setor vem se agravando desde o ano passado. “Fechamos o ano com prejuízo médio de R$ 110,00 por animal comercializado. Hoje, esse prejuízo está em R$ 350,00, com a venda a R$ 4,50 por quilo, enquanto o custo de produção é de R$ 8,00”, diz.
Para o líder catarinense, o quadro é geral em todo o Brasil e até agora todos os apelos levados aos governos federal e estaduais têm sido infrutíferos. “As manifestações realizadas em Mato Grosso, Santa Catarine e agora no Paraná são um modo de mostrar aos nossos políticos um cenário desolador.
O país ganha com recordes de exportação de carne suína, mas nós produtores não temos rentabilidade, o que é injusto”, completa.
“Somos solidários à liderança da suinocultura paranaense, através da APS, pela iniciativa de levar ao conhecimento público uma situação muito séria. Espero que esse evento marque um início de mudança necessária para a economia brasileira”, afirma o presidente da Associação Paulista dos Criadores de Suínos, Valdomiro Ferreira Junior.
“Este evento busca alertar não só a liderança politica e a população, como também o mercado atacadista e varejista, que não podemos continuar da forma que está. Não existe na economia uma teoria que explique como pode subsistir um segmento que acumula perdas por 18 meses consecutivos, com preços de venda muito abaixo dos custos de produção”, comenta Ferreira. Para ele, as entidades representativas da classe estão alinhadas nas reivindicações: “alguma coisa precisa ser feita, entre elas aumentar o consumo da carne suína e diminuir os impostos. Não existe outra saída”.
Com informações da Ascom/APS e ACCS