Agronegócio

Mercado internacional e questões climáticas são destaque do Fórum Nacional da Soja

Tradicionalmente, o Fórum Nacional da Soja busca debater os temas e problemas atuais do agronegócio. Neste ano, as palestras abordaram a sustentabilidade do setor frente às incertezas climáticas e a inserção do agronegócio brasileiro no cenário internacional. O evento foi realizado hoje (08) durante a Expodireto Cotrijal 2022.

O polêmico palestrante Evaristo Eduardo de Miranda, diretor do Instituto Ciência e Fé e pesquisador da Embrapa Territorial, defendeu que o agronegócio preserva o meio ambiente. “Não existe nenhuma categoria no Brasil, nenhum grupo, que dedique tantos recursos ao meio ambiente quanto o produtor rural”, disse. Como alternativa para a sustentabilidade das propriedades, ele defende a irrigação. Recentemente, um estudo publicado na revista científica Biological Conservation questionou as publicações de Evaristo e o apontou como líder de um grupo de desinformação.

Em relação ao mercado internacional, o palestrante Marcos Sawaya Jank, professor sênior de agronegócio global do Insper Instituto de Ensino e Pesquisa e coordenador do centro Insper Agro Global, destaca alguns pontos positivos e riscos para o agronegócio.

A demanda global deve seguir em alta, principalmente para o trigo, milho e soja. Os preços também seguirão altos, mas por tempo indeterminado. Além disso, “a desvalorização cambial ajuda quem exporta”, conforme Jank.

Os riscos são a inflação dos alimentos; a perda do poder aquisitivo da população brasileira no pós-Covid; o aumento dos insumos e riscos reais de desabastecimento; e a dificuldade de reposição de máquinas e equipamentos.

Quanto à balança comercial, ele destaca o papel da China nas exportações brasileiras. “A China vai se tornar rapidamente o maior importador de milho do mundo”, afirmou. O motivo é a crescente produção de suínos no pais asiático. 

Os países emergentes são apontados como o futuro das exportações, especialmente aqueles localizados no continente africano e a Índia.

Demandas

O Fórum também foi palco para demandas do agronegócio, especialmente gaúcho, que focou na recuperação após a estiagem. “O produtor está atrás de condições, eu acho que aí o governo tem que nos ajudar no sentido de alcançar para o produtor […], por exemplo, o financiamento das culturas de inverno que o produtor está praticamente iniciando o plantio”, disse Paulo César Pires, Presidente da FecoAgro/RS.

“Os prejuízos desta safra deverão ser parcelados numa condição que ele consiga absorver em […] duas ou três safras, naquelas regiões que tiveram as maiores perdas, e colocar recursos na agricultura que permitam fazer a roda girar, permitam a fazer as próximas lavouras, tanto de inverno quanto de verão, para que o fluxo financeiro gire de novo na agricultura, principalmente nas regiões em que quebrou”, complementa Caio César Vianna, Presidente da CCGL. Ambos mediaram os debates realizados no Fórum.