Agricultura

Sol em excesso e água escassa impactam produção de arroz

Inicialmente, esperava-se que a estiagem impactaria menos as lavouras irrigadas de arroz do Rio Grande do Sul. “Sol na cabeça e água no pé”, diz o ditado sobre a condição ideal para a cultura. No entanto, com a persistência da falta de chuvas, os reservatórios passaram a sofrer com a ausência de reposição. Atualmente, praticamente todas as regiões do estado apresentam deficiência hídrica, segundo o Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga).

A Fronteira Oeste é a região mais afetada, com estimativa de 21 mil hectares sem irrigação e 29% das lavouras com irrigação irregular, conforme o 5º boletim sobre estiagem no RS, publicado na última semana pelo IRGA. “Uma grande quantidade de lavouras estão fazendo irrigação de forma intermitente, em forma de banho, provocando estresse na planta e prejudicando o desenvolvimento”, relata a presidente da Associação dos Arrozeiros de Alegrete, Fátima Marchezan.

Quebra na produção

As projeções mais recentes já apontam prejuízos para a cultura. Apenas em Alegrete, a Associação calcula perdas consolidadas de até 10%, com cerca de 7 mil hectares abandonados. O Rio Grande do Sul espera uma queda de 3,9% na produção de arroz, em relação à estimativa inicial, o que deve acarretar prejuízos financeiros de mais de R$ 389,6 milhões, conforme a Emater-RS/Ascar. Em comparação com o ano passado, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) já identificou uma redução de 11% na produtividade do estado.

“Na Fronteira Oeste, a mais severamente afetada, estima-se que apenas metade das lavouras tenha água disponível. Na região Central, rios com pouca vazão não têm mais água e as barragens secam rapidamente. No Sul e Planícies Costeiras, onde se utiliza água das lagoas, tem se verificado a salinização nestes locais”, relata a Companhia no 5º Levantamento da Safra de Grãos 2021/2022. No país, a redução na produção está estimada em 10,1%, em relação à safra 2020/21, totalizando 10.565,3 mil toneladas.

Colheita

A colheita já começou, justamente na região mais a Oeste do Estado, segundo a Emater-RS/Ascar. “Alguns municípios já começaram, mas poucos deram início, não chega a 2%”, explica Fátima. A maioria dos produtores deve começar a colher entre 15 e 20 de fevereiro.

A colheita pode reservar novos prejuízos, provocados pelas quase duas semanas de onda de calor e temperaturas em torno de 40ºC. “As temperaturas extremamente altas pegaram muitas lavouras no período de floração e a flor não tolera, provoca abortamento. A gente observa muitos grãos apenas com casca, então não se formou o grão. É uma perda que a gente só vai conseguir estimar na colheita. Tivemos perda de área pela água e perda pelas altas temperaturas”, resume Fátima.

Abertura

A 32ª Abertura Oficial da Colheita do Arroz e Grãos em Terras Baixas ocorre a partir da quarta-feira (16), na Estação Experimental Terras Baixas da Embrapa Clima Temperado. No último dia, sexta-feira (18), ocorrerá o Ato Simbólico da Abertura Oficial.