Desafios da Soja

Aprosoja alerta para prejuízos devido à falta de dessecante

A Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja Brasil) divulgou hoje (18) um alerta para a ameaça de prejuízos à safra de soja do país decorrentes da falta de produto para dessecação. A prática trata-se da aplicação preparatória de herbicida a fim de deixar a lavoura uniforme para a colheita do grão. “Esse problema passou a atormentar os produtores desde que a Anvisa baniu o uso e a comercialização do Paraquat em setembro de 2020. A decisão obrigou agricultores a buscarem herbicidas similares no mercado, embora apenas o Diquat tenha a mesma função e a mesma qualidade”, afirma a entidade.

A grande demanda pelo Diquat não tem sido atendida pela indústria, segundo a Aprosoja. Em dezembro, a Syngenta, titular do registro, emitiu nota informando estar sofrendo com dificuldades para o abastecimento do mercado. “A empresa não está cumprindo com as vendas já efetuadas e não tem o produto para entregar. A Aprosoja Brasil tem recebido reclamações de produtores de todo o país que compraram e ainda não receberam o produto”, relata a entidade.

A solicitação do setor para o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento é para a liberação emergencial do registro de herbicidas para a importação direta de Diquat. “A entidade entende que seria importante lançar mão de produtos que estiverem disponíveis em países do Mercosul. E tem conhecimento de que existem empresas no Brasil aguardando a liberação do registro de produtos com o mesmo princípio ativo do Diquat, assim como empresas no Paraguai e em outros países também possuem disponíveis produtos no mesmo percentual de princípio ativo. Por isso, pedimos a liberação urgente”, afirma a Aprosoja.

Paraquat

Além disso, é requisitada a liberação emergencial do uso do Paraquate. A entidade afirma acreditar que esta é a única forma de resolver os problemas das safras futuras, apontando desvantagem frente aos concorrentes.

A Anvisa baniu o Paraquate em 2017, quando impôs o prazo limite de 22 de setembro de 2020 para proibição da produção, da importação, da comercialização e da utilização. A agência apontou riscos para a saúde dos aplicadores do produto. O Paraquate foi banido em 27 países da União Europeia, bem como na Inglaterra e China, segundo a Agência Senado.

A Aprosoja, no entanto, argumenta que a Anvisa passou a exigir medidas restritivas com o objetivo de garantir a segurança dos aplicadores e considera que os problemas apontados estariam resolvidos. “A ausência de produto trouxe impacto no bolso do produtor rural, com uma elevação de mais de 300% do seu valor, cotado em dólar, devido à falta de produto concorrente. Atualmente um litro do produto custa mais de R$ 100,00 enquanto na safra passada custava em torno de R$ 30,00. Além do custo mais elevado ao sojicultor, o risco de perder a produção e a qualidade dos grãos também é do país, com perda de divisas nas exportações”, diz a entidade.

Ela ainda aponta que o uso do Paraquate segue permitido nos Estados Unidos, Argentina, Canadá e Austrália. Em ralação aos últimos dois países, a entidade afirma que “não foram identificados e comprovados danos à saúde quando a aplicação cumpre as exigências de aplicação, as mesmas definidas para o Brasil”.